Alexandre Moraes confronta Aldo Rebelo e ameaça prisão por desacato durante audiência
- Núcleo de Notícias

- 24 de mai.
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Ex-ministro da Defesa criticou interpretação literal de fala de almirante e provocou reação do magistrado

Durante uma tensa audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes ameaçou prender por desacato o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, que depunha como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier. O embate ocorreu em meio à ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo oficiais das Forças Armadas.
A tensão teve início após Rebelo relativizar uma declaração atribuída a Almir Garnier, que teria colocado as tropas da Marinha “à disposição” do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o ex-ministro, a frase não deveria ser tomada literalmente. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, usamos a força da expressão. Quando alguém diz ‘estou frito’, não quer dizer que está numa frigideira”, argumentou.
A resposta irritou o ministro Alexandre de Moraes, que questionou se Rebelo havia presenciado a reunião na qual o almirante Garnier supostamente proferiu a frase. Diante da resposta negativa, o ministro Moraes ordenou que o depoente “atenha-se aos fatos” e afirmou que Rebelo não teria condições de avaliar o contexto da fala. O ex-ministro reagiu, alegando que sua leitura da língua portuguesa era legítima e que não aceitaria censura, ao que Alexandre Moraes retrucou de forma contundente: “Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato.”
O clima continuou tenso ao longo da audiência. Ao ser questionado pela defesa de Garnier, conduzida pelo ex-senador Demóstenes Torres, sobre as capacidades da Marinha em executar um golpe de Estado sozinha, o ministro Alexandre de Moraes interveio novamente, dizendo que o questionamento era “fora da realidade” e que Aldo Rebelo, apesar de ex-ministro da Defesa, era um civil e não possuía competência técnica para opinar sobre o assunto.
O procurador-geral Paulo Gonet também protagonizou um momento embaraçoso. Ao fazer uma pergunta que suscitou críticas da defesa por ser opinativa, acreditou ter o microfone desligado e acabou sendo flagrado dizendo: “Fiz uma cagada”.
Apesar da tensão, Aldo Rebelo declarou que o almirante Garnier não teria poder de mobilização sozinho e que, sem a adesão do Exército, a Marinha não conseguiria promover uma ruptura institucional. A afirmação foi interpretada como um enfraquecimento da tese acusatória, ainda que feita com cautela.



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