Carlos Lupi já havia sido alertado sobre irregularidades no INSS em 2023, revela ata de reunião

Fraudes nos descontos a aposentados estavam em pauta há mais de um ano antes das primeiras providências

Documentos oficiais revelam que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado ainda em junho de 2023 sobre denúncias de irregularidades nos descontos aplicados a benefícios de aposentadoria e pensão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo a ata de uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social, representantes do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) apresentaram a preocupação diretamente ao ministro.

Na ocasião, Tonia Galleti, representante do Sindnapi, tentou incluir o tema na pauta da reunião. Contudo, como a programação já havia sido previamente definida, o assunto acabou adiado, embora Galleti tenha insistido para que fosse discutido em encontros futuros.

O problema veio à tona de forma mais ampla após a deflagração da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal na última quarta-feira (23), com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). A operação investiga um esquema de descontos associativos não autorizados que teria causado um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões aos aposentados e pensionistas do INSS.

O escândalo resultou na demissão do presidente do INSS, indicado por Lula, Alessandro Stefanutto, também na quarta-feira, como consequência direta da pressão por respostas à crise.

Entre as entidades investigadas pela CGU estão a Contag, Sindnapi, Ambec, Conafer, AAPB, AAPPS Universo, Unaspub, APDAP PREV (antiga Acolher), ABCB/Amar Brasil, CAAP e AAPEN (antiga ABSP), todas citadas como possíveis beneficiárias dos descontos indevidos aplicados aos segurados.