China critica sanções dos EUA, mas ignora apoio velado à Rússia
- Núcleo de Notícias

- 18 de out. de 2024
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Pequim alega não fornecer armas letais a Moscou, enquanto amplia seu comércio com o Kremlin em meio ao conflito na Ucrânia
A China negou veementemente que esteja fornecendo armamentos letais à Rússia, apesar das crescentes suspeitas de apoio indireto ao esforço de guerra russo na Ucrânia. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou na última sexta-feira que Pequim possui controles rígidos sobre a exportação de produtos de uso dual, como drones, e insistiu que "jamais forneceu armas letais a nenhum dos lados" no conflito ucraniano.
A declaração foi uma reação às sanções impostas pelos Estados Unidos a duas empresas chinesas acusadas de vender peças e motores de drones para a Rússia. De acordo com Washington, esses componentes têm sido utilizados pelo exército russo em ataques com drones de longo alcance contra alvos na Ucrânia. O Departamento do Tesouro dos EUA apontou que as companhias sancionadas estão “envolvidas diretamente no desenvolvimento de sistemas de armas completos em parceria com empresas russas”.
Pequim, porém, classificou as sanções como "ilegais" e "unilaterais", buscando reverter a narrativa e se posicionar como uma vítima de acusações infundadas. Contudo, essa postura oculta o fato de que a China continua a ampliar suas relações comerciais com Moscou, mesmo após a invasão russa à Ucrânia. As vendas de componentes que podem ter uso militar, embora tecnicamente sejam itens de uso civil, levantam questionamentos sobre o papel da China como um “cúmplice” disfarçado no conflito.
O governo chinês tenta projetar uma imagem de neutralidade e responsabilidade, com Mao Ning afirmando que Pequim "se opõe ao uso de drones civis para fins militares". Em julho, a China anunciou uma proibição na exportação de drones civis que poderiam ser convertidos para uso bélico, em meio a acusações de ser uma fornecedora oculta de materiais de guerra para a Rússia. No entanto, essas medidas não impediram o crescimento de exportações de alta tecnologia para o Kremlin, que podem ser facilmente adaptadas para uso militar.
O governo chinês busca evitar a acusação formal de armar a Rússia, mas o apoio econômico e tecnológico que Pequim continua a oferecer a Moscou é cada vez mais evidente. A postura de Pequim em relação ao conflito na Ucrânia é, no mínimo, ambígua e contraditória. Enquanto alega neutralidade, a China se beneficia de uma relação cada vez mais próxima com a Rússia, especialmente no setor de energia e tecnologia, aproveitando o vácuo deixado pelas sanções ocidentais contra o Kremlin.
O apoio indireto de Pequim é ainda mais problemático diante do fato de que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou planos para aumentar a produção de drones em dez vezes até o final de 2024. A colaboração chinesa, mesmo que negada oficialmente, claramente contribui para a capacidade militar russa, permitindo que Moscou continue suas operações com menos impacto das sanções internacionais.
O posicionamento chinês é uma tentativa de desviar o foco e responsabilizar os EUA, acusando Washington de "hipocrisia e duplo padrão" ao fornecer ajuda militar maciça à Ucrânia. Segundo Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, as alegações contra Pequim são "acusação falsa e irresponsável". Porém, o verdadeiro problema não está na retórica diplomática, mas sim no crescente alinhamento de Pequim com Moscou, que mina a estabilidade internacional e prolonga o sofrimento na Ucrânia.




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