Comando Vermelho ordenou "trégua" no crime durante o G20 após diálogo com autoridade não identificada
- Núcleo de Notícias

- 19 de mai.
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Facção suspendeu roubos e confrontos por uma semana durante evento internacional no Rio

A Polícia Federal revelou que a facção criminosa Comando Vermelho (CV) ordenou a suspensão temporária de crimes no Rio de Janeiro durante a Cúpula de Líderes do G20, realizada em novembro de 2024. A decisão partiu de Arnaldo da Silva Dias, o “Naldinho”, integrante da facção, após conversas com uma autoridade ainda não identificada.
De acordo com investigações, a liderança do CV determinou uma pausa de sete dias em atividades como roubos e confrontos armados. O comunicado interno da facção, enviado aos seus membros, deixa claro que a medida foi motivada por um "diálogo" com uma figura representando o poder público, o que foi interpretado como uma demonstração de “respeito” à facção por parte do Estado.
“Boa tarde a todos meus irmãos. Hoje, um representante das autoridades no Rio procurou o irmão que é sintonia e pediu para nós segurarmos sete dias sem guerras e roubo devido ao G20 (...). Todos estamos de acordo em segurar esses sete dias até porque se veio no diálogo, eles demonstraram um respeito por nós”, diz a mensagem atribuída a Naldinho.
A ordem, reiterada no dia 6 de março, também proíbe expressamente roubos de veículos, e alerta que não seriam toleradas justificativas para o descumprimento das instruções.
A descoberta gera sérias preocupações sobre a atuação e influência de facções criminosas no país, especialmente diante da hipótese de interlocução direta com representantes do poder público. A PF, no entanto, não divulgou detalhes sobre quem teria sido o “representante das autoridades” mencionado pela facção.
A Cúpula do G20 aconteceu nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, sendo a primeira vez que o Brasil sediou o evento. Estiveram presentes chefes de Estado e governo de diversas nações, entre eles Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França) e Javier Milei (Argentina).
O caso expõe uma inconcebível normalização do poder paralelo exercido por organizações criminosas, capazes de influenciar o nível de violência com base em conveniências políticas, enquanto o Estado, em troca de estabilidade temporária, mostra-se submisso a esses grupos.



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