Cresce resistência ao aumento do IOF entre deputados, com o Centrão aderindo à pressão por revogação

Parlamentares criticam política fiscal do governo e denunciam abusos tributários que sufocam o setor produtivo

O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas jurídicas, aprovado recentemente pelo Ministério da Fazenda, enfrenta crescente resistência na Câmara dos Deputados. Parlamentares de partidos do "centrão" somaram forças com a oposição para exigir a revogação da medida por meio de Projetos de Decreto Legislativo (PDLs) que já somam 19 propostas em tramitação.

A iniciativa, que tem gerado forte insatisfação entre líderes partidários, pressiona o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar os projetos para votação. Hugo Motta, por sua vez, afirmou que o tema será debatido com os líderes partidários, em reunião prevista para esta quinta-feira, e pediu que os coordenadores das bancadas consultem seus deputados sobre o tema ainda nesta semana.

Entre os partidos que se manifestaram contra o aumento do imposto, está o União Brasil, cuja decisão de apoiar os PDLs foi praticamente unânime em reunião interna. O líder da sigla, Pedro Lucas Fernandes (AM), confirmou que a bancada está comprometida com a derrubada do aumento. O presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), também declarou apoio à reversão do aumento do IOF, criticando a postura do governo federal. “Se existem ajustes a serem feitos na economia, o aumento de impostos não é um deles”, afirmou. O PSD também se juntou ao movimento, demonstrando grande insatisfação com o que considera uma escalada contínua da carga tributária sob a gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A cada hora você tem um aumento de tributo neste governo, tem que ter um limite. Existe muita insatisfação no partido, o governo está descolado da realidade”, disse o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), vice-líder do governo, em um claro sinal de ruptura.

Até mesmo o PDT abandonou o apoio irrestrito ao Palácio do Planalto. O partido, que recentemente se distanciou da base governista, anunciou que votará favoravelmente à derrubada do aumento. Segundo o líder da legenda, Mário Heringer (PDT-MG), “temos maioria para votarmos contra o aumento do IOF. Provavelmente, esse assunto será o tema principal da reunião de líderes”.

A medida do governo federal, duramente criticada por empresários e entidades representativas do setor produtivo, foi interpretada como mais um passo na política de aumento de arrecadação a qualquer custo, penalizando empresas e desestimulando investimentos. Em um momento de fragilidade econômica, a elevação da carga tributária acende alertas sobre os rumos da política fiscal do governo, que está cada vez mais distante da realidade enfrentada pelos empreendedores brasileiros.