Dólar alcança R$ 5,87 e atinge maior valor desde 2021

Incertezas fiscais impulsionam moeda americana enquanto governo adia anúncio de cortes

Na sexta-feira (1º), o dólar encerrou o pregão com uma alta de 1,53%, fechando em R$ 5,87, maior valor desde 2021 e segundo maior da história em termos nominais. Com isso, o dólar turismo atingiu R$ 6,08, refletindo o clima de apreensão entre investidores quanto à questão fiscal brasileira e a falta de clareza sobre cortes de despesas públicas.

Os analistas indicam que a alta acumulada do dólar, de 2,9% na semana, reflete a cautela do mercado frente ao impasse entre gastos e receitas do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sob pressão para detalhar o plano de redução de gastos, anunciou que viajará para a Europa na próxima segunda-feira (4), adiando novamente a expectativa de soluções no curto prazo. A previsão é que Haddad retorne ao Brasil somente no dia 9 de novembro.

No decorrer da semana, o ministro reconheceu a “inquietação” do mercado em relação à demora do governo Lula para divulgar o pacote fiscal. Comparando a situação à entrega do arcabouço fiscal, Haddad destacou a importância de não cometer erros em decisões sobre finanças públicas e justificou a postergação como uma tentativa de formular um plano robusto e bem detalhado.

A falta de prazos claros para o anúncio das medidas gerou forte reação cambial e pressionou ainda mais o dólar, que nesta terça-feira (29) já havia subido 0,92%, alcançando R$ 5,761, perto do pico registrado em 2021. O cenário atual reforça o peso das indefinições e má gestão do setor público sobre o mercado, em um momento em que o Brasil enfrenta sérios desafios econômicos internos e externos.