Dólar dispara e atinge R$ 6,10 com desconfiança sobre pacote fiscal do governo

Movimento reflete incertezas geradas por reforma tributária e medidas de contenção de gastos anunciadas pelo governo

O dólar comercial voltou a registrar alta expressiva nesta sexta-feira (29), alcançando R$ 6,10 em meio à crescente desconfiança do mercado em relação ao pacote fiscal apresentado pelo governo. Às 10h10, a moeda norte-americana subia 1,85%, sendo negociada a R$ 6,101 na venda, após atingir a máxima de R$ 6,107. Na B3, os contratos futuros de dólar também apresentavam alta, com o primeiro vencimento cotado a 6.041 pontos.

A valorização da moeda ocorre na esteira de anúncios feitos na quarta-feira (27), quando o governo divulgou um projeto de reforma tributária que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais, além de um conjunto de medidas destinado a reduzir as despesas públicas em R$ 71,9 bilhões ao longo dos próximos dois anos.

Apesar da promessa de equilíbrio fiscal, analistas e investidores demonstraram ceticismo quanto à eficácia e à viabilidade das propostas, o que tem gerado maior aversão ao risco e contribuído para a pressão sobre o câmbio.

Contexto e impacto

Na quinta-feira, o dólar já havia encerrado o dia em R$ 5,9910, registrando alta de 1,30% e marcando o maior valor nominal de fechamento desde o início do Plano Real, em 1994. O avanço reflete também as incertezas globais, com investidores buscando refúgio em moedas fortes diante do cenário macroeconômico desafiador.

Para conter a volatilidade, o Banco Central anunciou um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional, programado para esta sexta-feira. A medida tem como objetivo oferecer liquidez ao mercado e evitar oscilações mais acentuadas no câmbio.