Eletrobras conclui venda da Eletronuclear para o grupo J&F por R$ 535 milhões

Negócio encerra vínculo da companhia com usinas nucleares e inclui assunção de dívidas bilionárias pela holding dos irmãos Batista

A Eletrobras (ELET3) anunciou nesta quarta-feira (15) a assinatura de um novo contrato com o grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista, dessa vez para a venda de sua participação na Eletronuclear. O acordo, formalizado em fato relevante ao mercado, prevê o pagamento de R$ 535 milhões pela participação societária e a transferência das garantias que a Eletrobras havia prestado em favor da Eletronuclear. A J&F também assumirá a responsabilidade pela integralização das chamadas “Debêntures ADI”, no valor de R$ 2,4 bilhões.

A venda encerra uma longa tentativa da Eletrobras de se desfazer de sua fatia na Eletronuclear, responsável pela operação das usinas de Angra 1 e Angra 2 e pela futura conclusão de Angra 3. Segundo a companhia, o acordo permitirá a “plena liberação da Eletrobras das responsabilidades remanescentes com sua coligada”, o que melhora o perfil de risco e libera capital antes comprometido.

O processo de alienação começou em 2023, conduzido de forma competitiva e assessorado pelo banco BTG Pactual. Considerando o valor contábil do investimento, estimado em R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2025, a operação gerou uma provisão de aproximadamente R$ 7 bilhões, registrada no balanço do terceiro trimestre. A companhia ressaltou que o movimento faz parte de uma estratégia de otimização de portfólio e alocação de capital, com o objetivo de simplificar sua estrutura e aumentar a geração de valor aos acionistas.

A transação com a J&F ocorre na mesma semana em que a Eletrobras concluiu a venda da UTE Santa Cruz, no Rio de Janeiro, também para o grupo dos irmãos Batista. Essa operação resultou em R$ 703,5 milhões para a companhia e encerrou um ciclo de desinvestimentos que incluiu 13 usinas termelétricas negociadas em 2024 com a Âmbar Energia, subsidiária da J&F.

A sequência de vendas marca uma nova etapa da Eletrobras, agora reorientada para o foco em eficiência e rentabilidade após o processo de privatização. Enquanto a empresa se afasta de ativos deficitários e de alto custo, o grupo J&F amplia sua presença no setor energético, reforçando o movimento de diversificação de seus negócios para além do agronegócio e da indústria de alimentos.