J&F assume controle total da Eldorado após acordo bilionário

Família Batista põe fim à maior disputa societária do Brasil ao pagar US$ 2,7 bilhões e encerra litígios com grupo indonésio

O Grupo J&F, pertencente à família Batista, concluiu um acordo histórico com a Paper Excellence para assumir integralmente o controle da Eldorado Brasil Celulose. Após anos de embates judiciais e arbitragem internacional, a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista desembolsará US$ 2,7 bilhões pelos 49,41% restantes da empresa que ainda estavam sob domínio da companhia do magnata indonésio Jackson Wijaya.

O contrato assinado nesta quinta-feira (15), sela o fim do mais prolongado e complexo litígio empresarial da história brasileira. A transação inclui o encerramento de todos os processos judiciais e arbitrais que tramitavam desde 2018, ano em que a disputa pelo controle da Eldorado se intensificou após o fracasso da transferência total da empresa.

A venda da Eldorado foi originalmente concebida pela J&F como parte de uma estratégia para levantar fundos e cumprir os termos do seu acordo de leniência firmado no contexto da Operação Lava Jato. Na época, a Paper Excellence desembolsou US$ 1,2 bilhão por quase metade da companhia, com a promessa de adquirir o restante posteriormente. No entanto, divergências sobre cláusulas contratuais e liberação de garantias travaram a conclusão do negócio.

Nos últimos anos, o conflito se arrastou por diversas frentes — incluindo arbitragens na França, disputas judiciais no Brasil, acusações criminais, intervenções do Supremo Tribunal Federal e debates sobre a legalidade da aquisição de terras brasileiras por estrangeiros. A disputa envolveu figuras notórias da advocacia e da política nacional, como o ex-presidente Michel Temer e o atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, contratados para atuar na defesa das partes envolvidas.

Embora tenha desistido de continuar a briga, a Paper Excellence sai do episódio com um lucro considerável. Segundo fontes próximas à empresa, Wijaya mais do que dobrou o valor investido em 2017, beneficiando-se também da valorização cambial do dólar ao longo dos anos. A companhia estrangeira agora foca em expandir sua presença no Hemisfério Norte, onde já realizou outras aquisições e pretende consolidar-se como uma potência global no setor de papel e celulose.