Primeiro encontro direto entre Rússia e Ucrânia em três anos é marcado por ausências e tensões
- Núcleo de Notícias

- 16 de mai.
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Negociações em Istambul ocorrem sem Putin e Zelensky, mas com participação americana e exigências ucranianas por cessar-fogo e ações humanitárias

Pela primeira vez desde o início da guerra, em 2022, representantes da Rússia e da Ucrânia voltaram a se sentar frente a frente em uma mesa de negociações diretas. O encontro, realizado nesta sexta-feira (16) no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, contou com a mediação da Turquia e a presença de representantes dos Estados Unidos, embora tenha sido marcado pela ausência dos principais líderes envolvidos no conflito: Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
A reunião teve início com um discurso do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, e reuniu delegações chefiadas pelo ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, e por Vladimir Medinsky, ex-ministro da Cultura da Rússia. Medinsky havia liderado as negociações anteriores, em 2022, que fracassaram logo após a invasão em larga escala promovida por Moscou.
Apesar do tom diplomático, o cenário em torno das tratativas seguiu tenso. Durante a abertura das conversas, um ataque com mísseis russos atingiu a região de Dnipro, intensificando as críticas à postura do Kremlin. Autoridades ucranianas reiteraram a exigência de um cessar-fogo incondicional de 30 dias e pediram medidas humanitárias imediatas, como a devolução de crianças deportadas ilegalmente para a Rússia e a troca total de prisioneiros de guerra.
A ausência de Putin foi alvo de duras críticas por parte de líderes europeus. O chanceler alemão Friedrich Merz destacou a disposição de Zelensky em ir à Turquia — mesmo sem participar diretamente das conversas — e acusou o presidente russo de se manter no “lado errado” da história. Já o governo francês voltou a defender sanções econômicas mais severas contra Moscou.
Nos bastidores, o presidente norte-americano Donald Trump, que atua como principal articulador da tentativa de cessar-fogo, sinalizou que pretende se reunir diretamente com Vladimir Putin. “Está na hora de apenas fazermos isso”, afirmou durante visita aos Emirados Árabes Unidos. O Kremlin, por sua vez, já manifestou interesse em negociar diretamente com Trump, ignorando completamente a legitimidade do presidente ucraniano.
Diplomatas europeus veem com preocupação a possibilidade de um acordo bilateral entre Trump e Putin, temendo que isso represente uma vitória diplomática para Moscou sem a exigência de concessões substantivas. Enquanto isso, a Ucrânia mantém firme sua posição por um cessar-fogo que preserve sua soberania e alivie o sofrimento da população civil.



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