Robôs devem superar número de funcionários humanos nos galpões da Amazon
- Núcleo de Notícias
- 4 de jul.
- 2 min de leitura
Automação avança, reduz contratações e transforma armazéns em centros de alta tecnologia, com impacto crescente no mercado de trabalho

A Amazon está prestes a atingir um novo marco na sua jornada rumo à automação total de seus centros de distribuição: a quantidade de robôs em operação nos galpões da empresa deve ultrapassar, em breve, o número de funcionários humanos. Atualmente, já há cerca de 1 milhão de robôs atuando nas instalações, número que se aproxima da força de trabalho humana direta da empresa.
Desde a aquisição da Kiva Systems em 2012, por US$ 775 milhões, a gigante do comércio eletrônico investe pesadamente em robótica. O que começou com robôs transportando prateleiras inteiras evoluiu para braços robóticos sofisticados, sistemas de visão computacional e inteligência artificial que agora realizam tarefas complexas como empacotamento, classificação e transporte autônomo de mercadorias.
Nos armazéns, robôs com rodas percorrem os corredores levando produtos até os pontos de envio, braços automatizados organizam e empilham encomendas, e novos modelos como o robô Vulcan conseguem acessar diferentes prateleiras com agilidade. A integração entre as máquinas e os processos de atendimento tem tornado o sistema cada vez mais coordenado e eficiente.
Cerca de 75% das entregas globais da empresa já contam com algum nível de automação, segundo a própria Amazon. A estratégia, além de elevar a produtividade, tem servido para mitigar problemas como a alta rotatividade de funcionários — um dos principais desafios em suas operações logísticas.
Para alguns trabalhadores, essa mudança tem representado uma oportunidade de qualificação. Ex-funcionários que atuavam em tarefas pesadas e repetitivas estão sendo treinados para operar e supervisionar sistemas robóticos, o que resultou em aumento salarial e melhores condições de trabalho. A empresa afirma já ter capacitado mais de 700 mil pessoas globalmente para novas funções, incluindo áreas como mecatrônica e engenharia de automação.
No entanto, a automação também está freando novas contratações. A Amazon, que emprega cerca de 1,56 milhão de pessoas, registrou em 2023 o menor número médio de funcionários por unidade em 16 anos. Ao mesmo tempo, o número de pacotes processados por trabalhador cresceu exponencialmente — de cerca de 175 por ano em 2015 para quase 3.870 atualmente.
Instalações mais recentes, como a de Shreveport, Louisiana, com quase 300 mil metros quadrados, ilustram esse avanço. Nela, dezenas de robôs atuam de forma coordenada na separação, empilhamento e movimentação de milhões de produtos. Em alguns setores, os robôs realizam 25% mais entregas do que em centros tradicionais da empresa.
Além disso, a Amazon já trabalha com protótipos de robôs humanoides, desenvolvidos pela Agility Robotics. Equipados com braços, pernas e cabeça, esses modelos estão sendo testados em tarefas simples como o manuseio de contêineres. Embora ainda estejam em fase experimental, apontam para um futuro de automação ainda mais sofisticada.
Com presença crescente da inteligência artificial, os robôs da Amazon devem ganhar ainda mais autonomia. A empresa já desenvolve sistemas que permitirão comandos verbais, como instruções para descarregar reboques. Essa nova era de automação avança de forma veloz, alterando a lógica do trabalho, redefinindo empregos e moldando o futuro da logística em escala global.
Comments