Rússia ameaça escalada nuclear e diz que países podem fornecer ogivas ao Irã após ataques dos EUA

Dmitry Medvedev afirma que aliados estão dispostos a armar Teerã com armas nucleares

A retórica entre potências globais atingiu um novo patamar de gravidade neste domingo (22), após o ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmar que "diversos países" estariam prontos para fornecer ogivas nucleares ao Irã, em resposta direta aos ataques aéreos conduzidos pelos Estados Unidos contra instalações atômicas iranianas.

Segundo Dmitry Medvedev, que atualmente ocupa o cargo de vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, a destruição das usinas nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, realizada pelos EUA no sábado, não deterá o avanço do programa nuclear iraniano — e pode, ao contrário, acelerar sua militarização. "Agora podemos dizer com todas as letras: a produção de armas nucleares continuará", escreveu Medvedev na rede X (antigo Twitter).

O ex-líder russo não revelou quais seriam os países dispostos a fornecer armamentos nucleares a Teerã, mas sua declaração intensificou temores de uma nova escalada geopolítica com implicações globais. A Rússia tem sido historicamente um dos principais parceiros estratégicos do Irã no campo da energia nuclear, além de manter relações diplomáticas estreitas com a República Islâmica.

O Ministério das Relações Exteriores russo acusou os EUA de violarem o direito internacional. Em nota oficial, a chancelaria classificou os bombardeios como "irresponsáveis" e "flagrantes violações da Carta da ONU".

O governo americano ainda não comentou formalmente as declarações de Dmitry Medvedev. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou no domingo que Washington está em diálogo com aliados regionais para reforçar a proteção de tropas americanas em áreas sensíveis do Oriente Médio. "Estamos trabalhando em colaboração com nossos parceiros quanto à presença de tropas e infraestrutura compartilhada", declarou.

A fala de Medvedev marca uma inflexão no discurso russo, ao sugerir abertamente a possibilidade de transferência de ogivas nucleares a um país que não as possui — um ato que violaria os tratados de não proliferação nuclear e teria implicações diplomáticas e militares devastadoras.

O cenário se agrava diante da já frágil estabilidade da região, com o Irã ameaçando fechar o Estreito de Ormuz e com Israel mantendo uma campanha intensiva de bombardeios contra alvos iranianos. Ao mesmo tempo, o presidente Trump afirmou que os ataques dos EUA "obliteraram" a capacidade de enriquecimento de urânio do Irã e cobrou uma rendição diplomática por parte de Teerã.

Enquanto isso, a comunidade internacional observa com inquietação a possibilidade de que a crise se transforme num conflito de proporções catastróficas, com risco de proliferação nuclear no coração do Oriente Médio — e com potências globais como Rússia e China posicionando-se contra a ofensiva americana.