Rússia usou Brasil como base para infiltrar espiões, diz o The New York Times
- Núcleo de Notícias

- 21 de mai.
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Agentes da inteligência russa atuavam no país para viabilizar operações ilegais no Ocidente e no Oriente Médio

O jornal norte-americano The New York Times revelou nesta quarta-feira (21) que o governo da Rússia utilizou o território brasileiro como plataforma de infiltração de espiões com identidades forjadas, com o objetivo de estabelecer conexões e estruturas que futuramente serviriam a operações clandestinas nos Estados Unidos, Europa e até no Oriente Médio.
A reportagem destacou o caso de Artem Shmyrev, identificado como membro da inteligência russa, que vivia no Rio de Janeiro sob a identidade falsa de “Gerhard Daniel Campos Wittich”, supostamente um brasileiro de 34 anos. Shmyrev mantinha um relacionamento com uma brasileira e chegou a fundar uma empresa de impressões 3D na capital fluminense, tudo como parte de sua fachada. Apesar disso, ele também tinha uma esposa na Rússia, igualmente envolvida em atividades de espionagem.
Segundo o NYT, o plano de Shmyrev era permanecer no Brasil o tempo necessário para consolidar sua identidade falsa antes de ser mobilizado para ações em território estrangeiro. Trocas de mensagens entre o espião e sua esposa revelam sua ansiedade pela missão, com frases como “ninguém quer se sentir como um perdedor” e “continuo trabalhando e com esperança”.
O caso, no entanto, não se limitou a Shmyrev. De acordo com a reportagem, ao menos outros oito agentes russos foram descobertos em solo brasileiro nos últimos três anos, vivendo sob identidades falsas e atuando em áreas diversas, como comércio de joias e até como modelo. A operação teria como finalidade a montagem de uma rede internacional de espiões do Kremlin, operando fora dos canais diplomáticos e de forma encoberta.
As ações foram identificadas por agentes da contra-inteligência brasileira, que culminaram na deflagração da Operação Leste, sob comando da Polícia Federal. Ao todo, nove russos foram identificados, e dois acabaram presos. A investigação se expandiu internacionalmente, com colaboração das agências de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Holanda e Uruguai.



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