Surto de gripe aviária leva Uruguai e Chile a suspenderem importação de frango brasileiro

Embargos internacionais revelam risco comercial ao Brasil

Uruguai e Chile se somaram a um grupo crescente de países que decidiram suspender as importações de frango do Brasil após a confirmação de um caso de gripe aviária no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A decisão foi confirmada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua. De acordo com ele, o México também poderá seguir o mesmo caminho, embora ainda não tenha formalizado a medida.

Argentina, China e União Europeia já haviam adotado o embargo temporário de 60 dias, conforme previsto em cláusulas contratuais que impõem suspensão imediata diante de qualquer detecção do vírus H5N1. A Argentina, além de interromper as importações, anunciou que manterá a medida até que o Brasil seja novamente certificado como livre da doença e reforçou as medidas de biossegurança nos seus próprios estabelecimentos avícolas.

O surto identificado em Montenegro causou a morte de cerca de 17 mil aves em uma granja voltada à produção de ovos férteis. A maior parte das aves morreu devido à infecção direta, e o restante precisou ser abatido para conter o avanço do vírus. Outro foco da doença foi identificado em Sapucaia do Sul, também no Rio Grande do Sul, onde aproximadamente 90 aves silvestres, como cisnes e patos, morreram em um zoológico que já foi interditado.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) decretou estado de emergência zoossanitária em Montenegro por 60 dias e trabalha no rastreamento da produção da granja afetada. Apesar das suspensões, as exportações para países que ainda não anunciaram restrições continuam ativas.

O vírus H5N1, embora não seja novo, possui elevada letalidade entre aves e se espalha com extrema facilidade em ambientes de criação intensiva. Embora o consumo de carne e ovos não represente risco à saúde humana, o contato direto com aves contaminadas pode, em casos raros, causar infecção em humanos — especialmente em locais com baixa vigilância sanitária.