Trump defende aumento de gastos militares na OTAN e propõe meta de 5% do PIB
- Núcleo de Notícias
- 20 de jun.
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Espanha resiste à proposta, enquanto OTAN debate segurança diante de ameaças globais

A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar os gastos militares dos países membros da OTAN para 5% do PIB, ganhou força nas últimas semanas e colocou em debate a responsabilidade compartilhada entre os aliados diante dos crescentes riscos geopolíticos. O novo secretário-geral da aliança, Mark Rutte, endossou a sugestão com uma proposta intermediária: 3,5% do PIB para gastos militares diretos e outros 1,5% para investimentos em segurança estratégica.
A medida foi recebida com reservas por parte de alguns países europeus, especialmente pela Espanha. Em carta enviada a Mark Rutte, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez classificou a proposta como “contra produtiva” e afirmou que “não é dever de um governo soberano sacrificar recursos internos para alcançar metas impostas”. A posição da Espanha, que atualmente destina apenas 1,3% do PIB para defesa, ficou destoante da maioria dos membros do bloco que já assumiram o compromisso mínimo de 2% — e agora discutem o novo patamar diante das demandas de segurança global.
A proposta de Trump vem em um momento em que a OTAN busca se adaptar a uma nova realidade estratégica, marcada pela instabilidade no Leste Europeu, o fortalecimento de regimes autoritários e o avanço de ameaças assimétricas, como ataques cibernéticos, terrorismo e expansão nuclear em países hostis ao Ocidente. Segundo Trump, “os aliados europeus devem fazer sua parte com responsabilidade, pois a segurança não pode depender de um só país”.
A resistência espanhola foi tratada com cautela nos bastidores da cúpula marcada para os dias 24 e 25 de junho, em Haia. Fontes diplomáticas apontam que o governo dos EUA tem expectativa de que, com o tempo, mesmo os países mais relutantes reconheçam a necessidade de investimentos compatíveis com o novo cenário internacional. O Reino Unido, por exemplo, já se adiantou, com o primeiro-ministro Keir Starmer anunciando planos para expandir significativamente os gastos com defesa. A medida foi elogiada por Mark Rutte, que tem reforçado os alertas sobre a possibilidade de a Rússia representar uma ameaça direta à OTAN nos próximos anos.
O presidente russo Vladimir Putin, por sua vez, criticou as novas metas de gasto da aliança, afirmando que o Ocidente usa a “ameaça russa” como justificativa para desviar recursos de áreas sociais para a indústria bélica. A fala ocorreu durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, onde Putin tentou descredibilizar a política de defesa dos países ocidentais, classificando os alertas como “inconcebíveis”.
Apesar das críticas, o discurso de Putin foi recebido com ceticismo por líderes da OTAN, que veem nas recentes movimentações militares da Rússia, nas ameaças contra a Ucrânia e no fortalecimento de laços com regimes autoritários como o do Irã e da Coreia do Norte, razões legítimas para um reposicionamento estratégico do bloco.
A próxima cúpula da OTAN deve ser breve, com uma única sessão de trabalho, ajustada ao perfil mais direto do presidente Trump. No entanto, o encontro pode ser decisivo para a consolidação de uma nova doutrina de defesa transatlântica, mais robusta, proporcional aos riscos do século XXI e baseada na corresponsabilidade entre os membros.
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