Acordo entre EUA e Ucrânia sobre minerais estratégicos empaca em meio a tensões e impasses diplomáticos
- Núcleo de Notícias

- 24 de abr.
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Washington exige contrapartidas econômicas à ajuda militar, enquanto Kiev busca cautela em meio à guerra e resistência interna

As negociações entre Estados Unidos e Ucrânia para firmar um acordo envolvendo minerais críticos avançaram nas últimas semanas, mas ainda enfrentam entraves importantes e não serão concluídas nesta semana, segundo afirmou o ministro das Finanças ucraniano, Serhii Marchenko. A declaração vem após reuniões de alto nível com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, em Washington, durante os encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
A parceria, que tem como objetivo dar aos EUA acesso privilegiado aos recursos minerais estratégicos da Ucrânia — como lítio, níquel e terras raras — vem sendo promovida desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, que considera o acordo uma compensação justa pela ajuda militar fornecida pelos EUA ao longo do conflito com a Rússia.
Em fevereiro, as partes estiveram próximas de assinar o tratado, mas o plano foi adiado após uma reunião tensa entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, na qual divergências políticas e exigências americanas causaram desgaste. Desde então, os termos do acordo foram revisados, mas continuam sendo objeto de desacordo.
Apesar da expectativa de Trump de concluir a negociação nesta quinta-feira, Marchenko foi categórico ao afirmar: “Definitivamente não será esta semana.” Ele confirmou que as conversas estão em andamento e que houve avanços, mas ainda restam questões delicadas a serem resolvidas. O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, também reconheceu o progresso, mas evitou comentar detalhes sensíveis do impasse.
O Tesouro dos EUA reiterou a importância de formalizar a parceria econômica “o mais rápido possível”, refletindo a pressão da Casa Branca para que a Ucrânia ofereça garantias tangíveis de retorno à ajuda recebida, especialmente diante do aumento do ceticismo entre parlamentares norte-americanos sobre o envio contínuo de recursos ao governo de Kiev.
Outro ponto de tensão nas conversas é o destino dos ativos russos congelados pelo Ocidente desde o início da invasão em 2022. A Ucrânia insiste que esses recursos devem ser transferidos diretamente ao país como forma de compensação pelos danos de guerra, enquanto Washington deseja incorporar esse tema a uma negociação mais ampla. Marchenko revelou que Bessent se mostrou favorável a tratar os ativos como parte de um “pacote estratégico” de cooperação.
As discussões avançam mesmo diante do recrudescimento da guerra, com novos bombardeios russos sobre Kiev nas últimas 24 horas. Marchenko, no entanto, descartou qualquer relação direta entre o conflito e as negociações diplomáticas, afirmando que “o trabalho segue em paralelo”.
Embora o memorando assinado recentemente entre as partes represente um marco preliminar, o descompasso entre exigências políticas, prioridades estratégicas e sensibilidades diplomáticas ainda representa um desafio substancial para que o acordo se concretize.



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