Banco do Brasil endurece crédito rural e ameaça cortar financiamento a produtores em recuperação judicial
- Núcleo de Notícias

- 28 de out.
- 3 min de leitura
Instituição reforça exigências e adota medidas mais rigorosas diante do aumento da inadimplência e da piora nas margens

O Banco do Brasil endureceu de forma significativa suas políticas de crédito. Segundo o diretor de riscos da instituição, produtores rurais que entrarem com pedido de recuperação judicial ficarão permanentemente impedidos de obter novos financiamentos. “Eles não terão crédito hoje, amanhã nem nunca mais”, afirmou. “A recuperação judicial é uma armadilha — o produtor perde o acesso ao crédito e não consegue plantar a próxima safra.”
O banco também revisou sua postura nas renegociações de dívida e passou a exigir garantias mais sólidas e pagamentos em prazos menores. A decisão vem após uma série de pedidos de recuperação judicial no campo e após ajustes contábeis que derrubaram o lucro da instituição ao menor patamar em quase cinco anos. Atualmente, R$ 5,4 bilhões em empréstimos estão em atraso devido à inadimplência de 808 produtores rurais. A carteira de crédito do setor somava R$ 404,9 bilhões em junho.
INADIMPLÊNCIA E QUEDA NO LUCRO
A inadimplência no crédito rural subiu para 3,5% em junho, alta de 2,2 pontos percentuais em um ano. O aumento das provisões para perdas reduziu drasticamente o retorno sobre o patrimônio líquido do banco, de 21,6% para 8,4% no mesmo período. O diretor de riscos do BB destacou que 75% dos produtores inadimplentes nunca haviam enfrentado atrasos anteriormente, o que demonstra uma deterioração inédita na capacidade de pagamento do setor.
Com custos de crédito mais altos e maior rigidez nas condições de empréstimo, o Banco do Brasil teve o pior desempenho entre os grandes bancos do país no primeiro semestre. O mercado espera que o terceiro trimestre deve repetir a fraqueza dos resultados, com o balanço marcado por perdas no agronegócio.
NOVA RELAÇÃO COM O CAMPO
Historicamente, os produtores rurais priorizavam o pagamento ao Banco do Brasil, que detém cerca de 60% do crédito agrícola nacional. A instituição era vista como parceira de longo prazo, conhecida por renegociar prazos e evitar cortes de crédito. Essa relação, no entanto, mudou.
O banco agora adota medidas mais rigorosas para garantir que as terras dadas em garantia não sejam protegidas por pedidos de recuperação judicial. As antigas hipotecas estão sendo substituídas pela alienação fiduciária, em que o bem só é transferido ao produtor após o pagamento total da dívida. Embora traga mais segurança à instituição, essa modalidade encarece o crédito e torna o processo mais lento.
O PESO DOS FIAGROS E A NOVA CONCORRÊNCIA
O fortalecimento do agronegócio durante a pandemia atraiu novos financiadores, como os Fiagros, que investem em recebíveis do campo. O aumento de crédito privado, segundo Prince, levou à superalavancagem de produtores. Com a queda das commodities e o avanço dos juros, a inadimplência cresceu, e os Fiagros passaram a antecipar cobranças — o que reduziu ainda mais a liquidez dos produtores e aumentou a pressão sobre o Banco do Brasil.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E CONTROLE RÁPIDO
A instituição também implementou novas tecnologias de monitoramento. Agora, a equipe de cobrança entra em contato com o produtor inadimplente em apenas cinco dias de atraso — antes, o prazo era de 30. O acionamento judicial foi antecipado para 30 dias, contra até 180 anteriormente.
O banco usa inteligência artificial para avaliar a capacidade de pagamento de cada cliente e definir estratégias: ampliar crédito, renegociar dívidas ou suspender linhas. “Não existe dívida que não possa ser negociada conosco”, disse o diretor de riscos do Banco do Brasil. “O produtor tem toda nossa disposição para conversar, não importa a complexidade — exceto se ele pedir recuperação judicial.”
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Carlos Dias.
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