BNDES anuncia que investirá R$ 10 bilhões em ações
- Núcleo de Notícias
- 23 de jun.
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Banco de fomento retoma política de participações acionárias sob gestão Lula, reacendendo temores de nova rodada de intervencionismo estatal

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta segunda-feira (23) que voltará a investir diretamente na compra de ações de empresas, por meio de sua subsidiária BNDESPar. O montante anunciado é expressivo: R$ 10 bilhões até o fim de 2025.
Após quase uma década focado em desinvestimentos e na redução do seu peso na economia, o BNDES retoma, sob a presidência de Aloizio Mercadante, o modelo de atuação que marcou as administrações petistas anteriores: a política de “campeões nacionais”. À época, essa estratégia consistia em aportar bilhões de reais em empresas escolhidas pelo governo para tornarem-se líderes em seus setores, especialmente no cenário internacional.
Um dos casos mais emblemáticos dessa política foi o da JBS, gigante do setor de alimentos que recebeu aportes bilionários do banco de fomento. Embora os técnicos do BNDES tenham sido isentados em investigações posteriores, o episódio manchou a reputação da instituição e expôs os riscos do dirigismo estatal nos negócios privados. Atualmente, o banco ainda mantém 18% de participação na JBS, após vender parte significativa de sua fatia entre abril e maio deste ano — operações que, segundo fontes, renderam lucro entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões.
No comunicado oficial, Aloizio Mercadante defendeu a retomada da atuação da BNDESPar como mecanismo para “fortalecer o mercado de capitais e desenvolver o país”, o que, na prática, significa restaurar o papel do banco como sócio relevante de companhias privadas, inclusive com potencial para exercer influência sobre sua gestão e seus rumos estratégicos.
Segundo o plano anunciado, metade dos R$ 10 bilhões será destinada a investimentos diretos no capital de empresas. A outra metade será alocada via fundos de investimento. Em ambos os casos, a prioridade, segundo o BNDES, será para "empresas com projetos voltados à transição ecológica, descarbonização e inovação".
Ainda que essas áreas estejam em alta no discurso ambiental internacional, a medida do BNDES gera preocupação com o retorno de uma prática que, no passado, gerou distorções competitivas, favorecimento de grupos específicos e riscos fiscais para o Estado. A reativação da BNDESPar como investidora de peso em renda variável marca o abandono da linha mais liberal adotada nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, quando o banco reduziu consideravelmente sua presença em empresas como Vale e Petrobras.
A política de reestatização do mercado de capitais agora avança sob o manto da “sustentabilidade” e da “inovação”, mas com os mesmos instrumentos de antes: dinheiro público investido em apostas de alto risco, decididas por critérios muitas vezes políticos.
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