BNDES destina R$ 566 milhões à Gerdau para mineroduto e centro de reciclagem
- Núcleo de Notícias

- 21 de jun
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Banco justifica repasse com agenda de “descarbonização” do governo Lula

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 566 milhões para a Gerdau, uma das maiores siderúrgicas do país, visando dois empreendimentos com foco em sustentabilidade: a construção de um mineroduto e um rejeitoduto em Minas Gerais, e a criação de um centro de reciclagem em São Paulo. Os recursos são provenientes, em sua maior parte, do Fundo Clima, instrumento criado para "financiar iniciativas de redução de emissões de gases do efeito estufa".
Segundo o BNDES, os projetos da Gerdau devem resultar em uma diminuição superior a 100 mil toneladas anuais de emissões de CO₂ equivalente. Ao mesmo tempo, a iniciativa promete gerar aproximadamente 4.500 empregos diretos e indiretos, números que, embora positivos, levantam discussões sobre o uso de recursos públicos subsidiados para financiar grandes grupos privados com ampla capacidade de investimento próprio.
O mineroduto, com 13 quilômetros de extensão, conectará a mina Miguel Burnier, em Ouro Preto, à unidade da empresa em Ouro Branco. O rejeitoduto, por sua vez, terá 10 quilômetros. Já o novo centro de reciclagem em Pindamonhangaba permitirá o beneficiamento de sucata metálica, separando impurezas e promovendo maior aproveitamento do material no processo industrial.
A justificativa do BNDES para o financiamento se apoia na agenda “verde” do governo Lula. O presidente do banco, Aloizio Mercadante, afirmou que a nova política industrial do governo "prioriza a descarbonização da economia nacional". Ele também declarou que o uso do mineroduto pode substituir até 1,5 mil caminhões por dia, aliviando as estradas e reduzindo as emissões decorrentes do transporte rodoviário.
O financiamento à Gerdau também contou com recursos da linha Finem, tradicionalmente voltada à aquisição de bens de capital. A empresa, que movimenta cerca de 10 milhões de toneladas de sucata por ano e atua em diversos países, afirmou que este é seu primeiro acesso ao Fundo Clima. O CFO da companhia, Rafael Japur, afirmou que os investimentos ampliarão a eficiência energética da Gerdau e melhorarão sua competitividade.
Apesar das declarações otimistas, o repasse milionário provoca um debate sobre os critérios adotados pelo BNDES na liberação de recursos públicos. Ao priorizar grandes conglomerados empresariais sob a justificativa ambiental, o banco deixa de atender milhares de pequenos e médios produtores que enfrentam dificuldades crônicas de acesso a crédito subsidiado.



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