Boletim Focus: Mercado mantém projeções fracas e vê estagnação da economia brasileira nos próximos anos

Núcleo de Notícias
10 de nov.
3 min de leitura

Boletim Focus aponta para inflação persistente, juros elevados e crescimento anêmico até 2028

O Relatório Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. Ele é divulgado toda segunda-feira. O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. As projeções são do mercado, não do Banco Central. (Fonte: bcb.gov.br)

INFLAÇÃO

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central indica que a economia brasileira seguirá enfrentando dificuldades para conter a alta dos preços. Para 2025, as projeções apontam inflação (IPCA) em 4,55%, interrompendo seis semanas seguidas de queda. O cenário sugere que o combate à inflação perdeu força, e as expectativas futuras não mostram melhora significativa.

Para os anos seguintes, o mercado projeta 4,20% em 2026, 3,80% em 2027 e 3,50% em 2028, o que indica dificuldade do governo em conduzir a política fiscal e monetária rumo à meta de estabilidade.

IGP-M

As previsões para o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que serve de referência para contratos e aluguéis, seguem igualmente instáveis. Para 2025, a projeção passou de -0,20% para -0,22%, refletindo um cenário de deflação pontual, mas sem perspectiva de melhora estrutural. Já para 2026, a estimativa ficou em 4,08%, seguida por 4% em 2027 e 3,86% em 2028, mostrando que as pressões inflacionárias devem persistir no médio prazo.

PREÇOS ADMINISTRADOS

A expectativa para os preços administrados dentro do IPCA também reforça a perda de controle sobre setores essenciais. Para 2025, a mediana subiu de 4,95% para 4,97%, enquanto para 2026 houve queda irrisória de 3,87% para 3,86%. Em 2027 e 2028, as estimativas caíram para 3,80% e 3,60%, respectivamente. A desaceleração é tímida e insuficiente para compensar os aumentos anteriores, especialmente em energia e combustíveis.

CÂMBIO

O cenário cambial permanece pressionado, refletindo a falta de confiança dos investidores. O dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,41, segundo o mercado. As projeções seguintes mantêm o patamar elevado: R$ 5,50 para 2026, R$ 5,50 para 2027 e R$ 5,50 também para 2028. A ausência de expectativa de valorização do real mostra que o país segue vulnerável a riscos fiscais e externos.

PIB

As perspectivas de crescimento econômico continuam fracas. Para 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 2,16%, revelando perda de ritmo e um ambiente de baixo investimento. A situação se agrava nas projeções seguintes: 1,78% em 2026, 1,88% em 2027 e 2% em 2028, este último número estagnado há 87 semanas. O quadro reforça a percepção de que o país está preso a um ciclo de crescimento lento, sem reformas estruturais à vista.

SELIC

Os juros devem continuar altos, sufocando a atividade econômica. O mercado mantém a taxa básica em 15% para 2025, sem alterações há 20 semanas. Para 2026, a estimativa é de 12,25%, seguida por 10,50% em 2027 e 10% em 2028, patamar que se repete há 46 semanas. O cenário reflete a falta de confiança do mercado na condução da política econômica do governo e na capacidade de reduzir o risco fiscal.

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