Correios afundam em prejuízos e devem recorrer à União para sobreviver
- Núcleo de Notícias

- 3 de jul.
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Estatal enfrenta rombo bilionário, endividamento crescente e queda drástica nas receitas após medidas do próprio governo Lula

Os Correios estão em estado crítico e já sinalizaram ao governo federal a necessidade de um possível resgate financeiro para evitar o colapso das operações. O alerta foi levado inicialmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e posteriormente discutido em reunião no Palácio do Planalto no dia 16 de junho, com a presença do ministro Rui Costa (Casa Civil), além de representantes das pastas da Fazenda, Gestão e Comunicações — à qual a estatal é subordinada.
A equipe econômica já indicou que não há margem no Orçamento para socorrer os Correios. No entanto, técnicos do próprio governo admitem que a situação é grave e pode exigir uma injeção emergencial de recursos, estimada entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões — sendo R$ 2 bilhões necessários ainda em 2025.
A deterioração das contas da empresa tem provocado desconforto até mesmo dentro do Executivo. Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios, estaria enfrentando forte pressão da Casa Civil para intensificar cortes de gastos e já cogita deixar o cargo. Seu mandato se encerra em agosto e uma eventual substituição pode ser usada como justificativa política para liberar verbas públicas em favor da estatal.
Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, os Correios acumulam prejuízos em série. O resultado negativo saltou de R$ 633,5 milhões em 2023 para expressivos R$ 2,6 bilhões em 2024. Apenas no primeiro trimestre deste ano, o rombo chegou a R$ 1,7 bilhão, mais que o dobro do verificado no mesmo período do ano passado.
A situação de caixa preocupa. Em reunião recente, a presidência da empresa apresentou cenários que indicam agravamento do quadro financeiro já em 2026, com o peso crescente das parcelas de financiamentos contratados. Para ganhar fôlego, a estatal tem recorrido à venda de imóveis, demissões voluntárias e até lançado um marketplace, mas essas medidas têm surtido pouco efeito.
A empresa já contratou R$ 1,8 bilhão em financiamentos neste ano com bancos privados como Citibank, BTG Pactual e ABC Brasil. Apesar de não contarem com garantia formal do Tesouro, esses empréstimos possuem respaldo implícito, dada a condição da União como única acionista.
Agora, os Correios negociam um empréstimo de R$ 3,8 bilhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do Brics). A operação exige garantia da União, o que depende da comprovação da capacidade de pagamento da estatal. Caso essa negociação fracasse, a necessidade de um aporte direto do Tesouro pode se tornar inevitável.
O maior temor entre membros do governo e da empresa é que os Correios entrem numa espiral de dependência estatal, perdendo sua autonomia financeira e sendo incorporados ao Orçamento Federal, o que poderia gerar um impacto de até R$ 20 bilhões por ano nas contas públicas. Isso implicaria em restrições severas de investimentos e remunerações, num momento em que o governo já enfrenta dificuldades para conter os gastos.
Uma das causas da crise foi a perda repentina de receitas nos serviços de encomendas internacionais, provocada pelo próprio governo Lula. No primeiro trimestre de 2025, essa linha de receita caiu 58,4% em relação ao ano anterior.
Enquanto as receitas despencam, os custos da estatal continuam subindo. Em 2024, os gastos operacionais cresceram 4,7%, puxados por um aumento de 8,1% nas despesas com pessoal — tendência que persistiu em 2025. Além disso, pesa no caixa a implementação do acordo firmado em 2020 para cobrir um déficit de R$ 7,6 bilhões no fundo de pensão Postalis. A empresa está pagando mensalmente cerca de R$ 30 milhões e terá de fazê-lo ao longo de três décadas.
Cresce nos bastidores a avaliação de que a capitalização dos Correios pode se tornar inevitável. A estatal, que foi saneada e voltou a gerar lucros durante o governo Bolsonaro, agora mergulha novamente numa crise provocada por más decisões administrativas, políticas equivocadas e um modelo de gestão estatizante que, mais uma vez, coloca o contribuinte para arcar com o prejuízo.



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