Dívida pública federal ultrapassa R$ 7,5 trilhões em março com pressão dos juros altos

Incorporação de R$ 71 bilhões em juros supera resgates e eleva custo da dívida para o Tesouro Nacional

A dívida pública federal brasileira atingiu R$ 7,508 trilhões em março, registrando um aumento de 0,22% em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional. O crescimento foi impulsionado principalmente pela incorporação de R$ 71 bilhões em juros, valor que superou os resgates líquidos de R$ 54,7 bilhões ocorridos no período.

O estoque da dívida interna (DPMFi) chegou a R$ 7,199 trilhões, alta de 0,29%, enquanto a dívida externa (DPFe) recuou 1,53%, totalizando R$ 309,5 bilhões. O avanço da dívida se deu em meio a um cenário de incertezas externas, marcado pela política tarifária dos Estados Unidos e pela expectativa de redução no ritmo de cortes de juros por parte do Federal Reserve, o banco central norte-americano.

Internamente, a elevação do custo da dívida reflete os efeitos do ciclo de juros elevados mantido pelo Banco Central para conter a inflação. O custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses subiu de 11,57% para 11,70% ao ano, enquanto o custo das novas emissões de títulos da dívida interna saltou de 11,92% para 12,61% ao ano, pressionando ainda mais o orçamento público.

Em relação à estrutura da dívida, o prazo médio dos vencimentos passou de 4,08 anos para 4,12 anos. A reserva de liquidez, destinada a garantir o pagamento de obrigações no curto prazo, caiu de R$ 889 bilhões em fevereiro para R$ 869 bilhões em março, suficiente para cobrir 6,72 meses de vencimentos.

O Tesouro ainda destacou que os juros futuros no Brasil apresentaram queda em abril, em meio à intensificação da aversão a riscos globais, especialmente devido ao agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que impactam diretamente a confiança dos mercados e a projeção de crescimento econômico mundial.