Dólar dispara a R$ 6,15 em meio a descontrole fiscal e tensão com "pacote econômico"
- Núcleo de Notícias

- 17 de dez. de 2024
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Moeda norte-americana renova máxima histórica com pessimismo do mercado em relação ao cenário fiscal brasileiro

O dólar à vista registrou forte alta na manhã desta terça-feira, alcançando R$ 6,158 na venda, às 10h15, em meio ao pessimismo dos investidores com as perspectivas fiscais do país e à incerteza sobre a aprovação das medidas econômicas no Congresso. O avanço reflete a intensificação dos riscos domésticos, superando o impacto positivo de um leilão de dólares à vista realizado pelo Banco Central, que vem intervindo consecutivamente no câmbio para conter a escalada da moeda.
Cenário fiscal deteriorado e foco no Congresso
O nervosismo no mercado se intensificou após a divulgação da ata do Copom, na qual o Banco Central reforçou preocupações com o cenário fiscal e seu impacto negativo sobre a política monetária. O documento destacou a deterioração do câmbio, da inflação corrente e das expectativas econômicas, ressaltando que as políticas de gastos do governo têm reduzido a eficácia do aperto de juros em curso.
A avaliação do BC foi interpretada como um recado direto ao governo Lula, em meio à desconfiança dos agentes econômicos sobre a capacidade do Executivo de aprovar as medidas fiscais até o fim do ano. As discussões no Congresso enfrentam obstáculos, como a ausência do presidente Lula, que se recupera de cirurgia, e o impasse sobre o pagamento das emendas parlamentares.
A percepção de risco fiscal fez o dólar operar em sua máxima histórica nominal. Na segunda-feira, a moeda já havia encerrado o dia em alta de 1,04%, cotada a R$ 6,092, reflexo direto do impasse político e da falta de previsibilidade das políticas econômicas.
Leilões do Banco Central aliviam, mas não resolvem
Na tentativa de conter a disparada do dólar, o Banco Central realizou mais um leilão de venda de dólares à vista, movimentando US$ 1,27 bilhão. A intervenção ajudou a reduzir temporariamente a pressão sobre a moeda, levando-a à mínima de R$ 6,0964, antes de retomar o movimento de alta.
Esse foi o terceiro leilão consecutivo e o quarto dia seguido de atuação do BC no câmbio, refletindo a necessidade de mitigar a volatilidade em um ambiente de alta incerteza. A ação da autarquia, entretanto, não foi suficiente para reverter o cenário pessimista no mercado.
Federal Reserve e cenário externo
No plano internacional, os investidores aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros nos Estados Unidos, prevista para quarta-feira. A expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual, mas o foco estará nas projeções econômicas do Fed para 2025, que poderão influenciar o comportamento do dólar globalmente.
Cotação do dólar
Dólar comercial
Compra: R$ 6,157
Venda: R$ 6,158
Dólar turismo
Compra: R$ 6,103
Venda: R$ 6,283
A combinação de descontrole fiscal, dificuldades políticas para a aprovação do "pacote econômico" e a deterioração das expectativas econômicas tem impulsionado o dólar a novos patamares. Apesar das intervenções recorrentes do Banco Central, a falta de confiança na condução fiscal do governo Lula continua pressionando a taxa de câmbio e aumentando o prêmio de risco no Brasil.



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