top of page

Embraer pode perder até 60% do lucro com tarifa de Trump e vê cenário crítico para 2026

Fabricante brasileira é uma das mais expostas às medidas de retaliação comercial dos EUA e pode sofrer forte retração em suas margens nos próximos anos


ree

A Embraer (EMBR3), uma das maiores exportadoras brasileiras e referência global na aviação, surge como uma das principais vítimas potenciais da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Com cerca de 60% do seu faturamento atrelado ao mercado norte-americano, a empresa deve enfrentar impactos significativos, tanto diretos quanto indiretos, caso a medida entre em vigor conforme prometido a partir de agosto.


O alerta vem de casas de análise como XP, Bradesco BBI e UBS BB, que apontam para riscos substanciais nas projeções de lucro da companhia, especialmente a partir de 2025 e com efeitos mais severos sobre os resultados esperados em 2026.


A divisão de jatos executivos, por exemplo, é uma das mais vulneráveis. Embora a montagem final dos modelos Praetor e Phenom ocorra na Flórida, o conteúdo fabricado no Brasil representa entre 35% e 60% do valor final desses produtos — o que os torna parcialmente sujeitos à nova tarifa, conforme o percentual de nacionalização. A Embraer, como responsável pela exportação dos componentes brasileiros, arcaria com o custo extra diretamente, o que poderia reduzir o lucro operacional em até US$ 95 milhões a cada 10 pontos percentuais de tarifa. Com a tarifa total de 50%, o impacto sobre o lucro antes de juros e impostos (EBIT) da companhia em 2026 pode chegar a uma queda de 55% a 60%, alertam as corretoras.


No segmento de aviação comercial, os efeitos podem ser menos diretos, já que os clientes das aeronaves da linha E1 são, em regra, os responsáveis pelos custos tarifários. No entanto, o ambiente inflacionário e a perspectiva de sobretaxas adicionais podem desestimular novos pedidos ou até levar ao adiamento de entregas já contratadas. Ainda que cláusulas contratuais e adiantamentos (PDPs) atenuem o risco, o cenário não é trivial.


O Bradesco BBI também vê a Embraer como a empresa de maior exposição à exportação para os EUA dentro de sua cobertura e estima um prejuízo potencial de até US$ 220 milhões no EBIT de 2025, mesmo com a tarifa entrando em vigor apenas no último quadrimestre do ano. A instituição pondera que parte dos impactos pode ser suavizada, caso a Embraer consiga repassar custos aos consumidores, elevar preços em serviços e peças ou renegociar entregas — ações que demandam tempo e capacidade de adaptação.


Já o UBS BB calcula um impacto de cerca de US$ 70 milhões nos custos da companhia apenas sobre os jatos executivos, com base em um cenário em que 75% das vendas desses modelos tenham como destino os EUA. O banco também estima uma compressão de 13% nas margens de 2026 para cada aumento de 10 pontos percentuais nas tarifas de importação.


Apesar de a produção local nos Estados Unidos mitigar parte das perdas — como no caso do Phenom, montado integralmente em solo americano —, não há clareza jurídica se esses modelos estarão completamente isentos da nova tarifa. Mesmo que a Embraer consiga ajustar preços futuros, isso só surtiria efeito nas próximas entregas, o que não resolve o impacto imediato da medida.


Com ações que acumulam valorização de mais de 100% nos últimos 12 meses, mas já vinham sofrendo correções nas últimas semanas com os primeiros sinais de hostilidade comercial por parte dos EUA, a Embraer vive agora o desafio de absorver a medida mais drástica de Trump até aqui. A sobrevivência competitiva da companhia no maior mercado global da aviação depende, a partir de agora, não apenas de ajustes estratégicos internos, mas do desfecho de uma disputa geopolítica cujos contornos estão longe de serem previsíveis.



Comentários


O Rumo News é uma produção do
Instituto Democracia e Liberdade.

Copyright © 2025 - Instituto Democracia e Liberdade  -  CNPJ: 46.965.921/0001-90

Confira os Termos de Uso e Condições

Política de Reembolso: Reembolsos serão processados apenas em casos de duplicação de pagamento ou problemas técnicos que impeçam o acesso ao serviço. O reembolso será creditado na mesma forma de pagamento utilizada.

Política de Troca: Devido à natureza dos serviços digitais, não realizamos trocas.

 

Métodos de pagamento disponíveis no site: Cartões de crédito e Pix.
 

Dúvidas, problemas ou sugestões? Entre em contato: contato@institutoidl.org.br

  • Instagram
  • YouTube
bottom of page