Fed mantém taxa de juros nos EUA, apesar de críticas de Trump
- Núcleo de Notícias
- 18 de jun.
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Banco Central dos EUA projeta cenário 'modestamente estagflacionário'

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu nesta quarta-feira (18) manter inalterada a taxa básica de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, patamar que permanece estável desde dezembro de 2023. A decisão, amplamente antecipada pelo mercado, com 99,9% de probabilidade segundo o levantamento Fed Watch, ocorre em meio à pressão do presidente Donald Trump por cortes imediatos nos juros.
Apesar da manutenção, os dirigentes do Fed reiteraram que esperam realizar dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda em 2025. No entanto, o ritmo das reduções projetadas para os anos seguintes foi atenuado: as novas previsões indicam apenas um corte por ano em 2026 e 2027.
A autoridade monetária traçou um panorama considerado “modestamente estagflacionário”, com expectativa de desaceleração do crescimento econômico para 1,4% neste ano, elevação do desemprego para 4,5% até o fim de 2025 e inflação em torno de 3%.
Os dirigentes também mencionaram que as incertezas econômicas, embora menores do que em meses anteriores, ainda são elevadas. A crescente complexidade do cenário global, e os efeitos ainda não mensurados das medidas comerciais de Trump, tem adiado decisões mais agressivas sobre estímulos monetários.
Durante a reunião do Fed, Donald Trump criticou publicamente o presidente do banco central, Jerome Powell, chamando-o de “estúpido” e defendendo um corte imediato e profundo da taxa de juros. Trump voltou a pressionar o Fed para agir de maneira mais rápida, sob o argumento de que a economia americana precisa de estímulo, especialmente frente aos impactos das tarifas sobre produtos importados.
“A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho seguem sólidas”, registrou o comunicado oficial, aprovado por unanimidade. O banco também não comentou diretamente os riscos decorrentes da escalada do conflito entre Israel e Irã, embora analistas do setor financeiro já alertem para possíveis pressões inflacionárias sobre o petróleo e seus derivados.
Com a atual política de juros, o mercado espera que o Fed inicie os cortes apenas em setembro, durante a próxima reunião prevista para os dias 16 e 17. Mesmo assim, há uma clara divergência entre o desejo político do governo Trump e a prudência técnica adotada pela autoridade monetária. A dificuldade de estimar os impactos das tarifas sobre a inflação e o consumo tem levado os formuladores de política monetária a adotarem uma postura mais defensiva.
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