Irã ameaça fechar Estreito de Ormuz e preços do petróleo podem disparar
- Núcleo de Notícias
- 22 de jun.
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Resolução aprovada em Teerã reacende temor de choque no mercado de energia; impacto pode ser comparável ao da pandemia e da guerra na Ucrânia

O mundo acompanha com tensão crescente a escalada entre o Irã e os EUA, após o regime iraniano aprovar, neste domingo (22), uma resolução para bloquear o Estreito de Ormuz, por onde passa quase um terço do petróleo transportado por mar no planeta.
O Estreito de Ormuz, localizado entre o Golfo Pérsico e o Mar de Omã, é um gargalo estratégico para a exportação de petróleo de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 20 milhões de barris de petróleo passam diariamente pela estreita faixa marítima — um volume que movimenta mais de US$ 1,5 bilhão por dia e abastece economias altamente dependentes de importações, como Japão, Coreia do Sul e grande parte da Europa.
A ameaça iraniana ocorre em meio à resposta de Teerã aos bombardeios coordenados por Israel e Estados Unidos contra instalações nucleares no território iraniano. O regime dos aiatolás advertiu que a liberdade de navegação em Ormuz está condicionada ao respeito aos seus “interesses estratégicos”, numa clara retaliação às ações ocidentais dos últimos dias.
Analistas alertam que, se o bloqueio se concretizar, o preço do barril pode rapidamente ultrapassar os US$ 100, desencadeando efeitos diretos sobre combustíveis, frete, alimentos e insumos industriais.
Historicamente, o Irã já recorreu a ameaças semelhantes, sem efetivá-las. A presença naval dos EUA na região, bem como os riscos de uma escalada bélica fora de controle, funcionaram como freios. Mas o atual momento é diferente: não apenas houve ataques diretos a instalações nucleares iranianas, como agora há respaldo legislativo interno para uma medida radical.
Uma interrupção em Ormuz pressionaria governos e bancos centrais ao redor do mundo. Países que já enfrentavam dificuldades logísticas desde a pandemia e a guerra na Ucrânia veriam um novo choque sobre suas cadeias produtivas. A Europa, que ainda tenta se descolar do gás russo, e a Ásia, com alto grau de dependência energética do Golfo, estão entre os mais vulneráveis.
Enquanto o aval final não vem, diplomatas ocidentais já buscam articulações com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e parceiros estratégicos para conter uma crise iminente. Mesmo que a ameaça não se concretize, o simples fato de ela ter sido formalizada já marca uma inflexão no cenário geopolítico, e exige cautela redobrada de investidores, governos e consumidores ao redor do mundo.
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