Lula volta a defender moeda comum do BRICS
- Núcleo de Notícias
- 5 de jul.
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Durante evento do Novo Banco de Desenvolvimento, presidente brasileiro ignora ameaças dos EUA e volta a propor alternativa à moeda americana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou na sexta-feira (4) a defesa da criação de uma moeda comum entre os países do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ao discursar na abertura da 10ª reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira do grupo. A declaração ocorre a apenas dois dias do início oficial da cúpula do Brics e reacende tensões com os Estados Unidos, que veem a proposta como uma ameaça direta à hegemonia global do dólar.
A ideia de uma moeda voltada para transações internacionais entre os membros do Brics é defendida por Lula desde 2023, mas havia sido colocada em segundo plano pelo próprio governo brasileiro diante da sensibilidade do tema e do risco de deteriorar as relações diplomáticas com Washington. A proposta encontra apoio entre nações como China, Rússia e Irã.
A iniciativa, no entanto, despertou forte reação da gestão do presidente americano Donald Trump, que chegou a ameaçar com tarifas de até 100% os países que tentassem desafiar o dólar. Apesar do recuo momentâneo na pauta oficial do Brics, Lula reafirmou sua posição em pleno evento inaugural do NDB, demonstrando disposição de confrontar os interesses da Casa Branca.
A presidente do NDB, Dilma Rousseff, também fez críticas veladas aos EUA durante seu discurso. Sem citar diretamente os norte-americanos, ela afirmou que o cenário global está cada vez mais fragmentado e desigual, e denunciou o uso de tarifas, sanções e restrições financeiras como mecanismos de subordinação geopolítica. “Testemunhamos um recuo na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo”, declarou Dilma.
Desde a sua fundação, o Brics tem buscado formas de se posicionar como uma alternativa à ordem global liderada pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental.
Em um contexto de tensões econômicas e estratégicas globais, a proposta de romper com o sistema financeiro baseado no dólar é vista por muitos analistas como uma aposta desprovida de inteligência, arriscada, e que pode custar caro ao Brasil em termos de investimentos, comércio e estabilidade diplomática.
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