Ouro supera US$ 3.000 e atinge máxima histórica impulsionado por incertezas globais
- Núcleo de Notícias

- 14 de mar.
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Demanda de bancos centrais, políticas comerciais de Trump e instabilidade econômica elevam o preço do metal

O preço do ouro ultrapassou, pela primeira vez na história, a marca de US$ 3.000 por onça, refletindo a crescente incerteza econômica global e a busca de investidores por ativos seguros. O metal subiu 0,4% nesta sexta-feira, atingindo US$ 3.001,20 por onça, impulsionado pela forte demanda de bancos centrais e por mudanças nas políticas comerciais promovidas pelo presidente Donald Trump.
A nova escalada reforça o ouro como reserva de valor em tempos turbulentos e como um indicador da crescente preocupação dos mercados. Nos últimos 25 anos, o metal se valorizou dez vezes, superando o desempenho de ativos tradicionais como o índice S&P 500, que quadruplicou no mesmo período.
A recente imposição de novas tarifas comerciais pelos EUA impulsionou ainda mais a demanda pelo metal precioso. Desde a vitória de Trump nas eleições de 2024, comerciantes começaram a enviar grandes volumes de ouro para os Estados Unidos antes da vigência dos novos impostos. Segundo dados da bolsa Comex, mais de 23 milhões de onças de ouro – avaliadas em US$ 70 bilhões – foram depositadas em cofres americanos, contribuindo para o aumento do déficit comercial do país em janeiro.
Historicamente, os picos no preço do ouro ocorrem em momentos de tensão econômica e política. O metal ultrapassou US$ 1.000 por onça durante a crise financeira de 2008 e superou US$ 2.000 durante a pandemia de Covid-19. Após um recuo para US$ 1.600 no pós-pandemia, o ouro retomou sua trajetória de alta em 2023, impulsionado por temores de sanções econômicas e pela busca de diversificação dos bancos centrais.
A crescente compra de ouro pela China tem sido um fator determinante para a valorização do metal. Com o enfraquecimento do yuan e a desconfiança dos investidores em relação à economia chinesa, aumentaram as aquisições por parte do setor privado e das autoridades monetárias do país.
Além disso, a política dos EUA de congelamento de ativos russos desde 2022 despertou desconfiança global sobre a segurança do dólar como moeda de reserva. Como resposta, bancos centrais ao redor do mundo dobraram suas compras anuais de ouro, passando de 500 para mais de 1.000 toneladas. Países como Polônia, Índia e Turquia lideraram essas aquisições nos últimos anos.
Apesar do ambiente de juros elevados e da força do dólar – fatores que normalmente reduzem a atratividade do ouro –, a demanda continua crescente, impulsionada pelo receio de novas turbulências globais.
Analistas do Bank of America, liderados por já projetam que o ouro pode atingir US$ 3.500 por onça, caso a demanda dos investidores cresça 10% nos próximos meses. No entanto, mesmo com o recorde atual, o metal ainda não atingiu seu maior valor ajustado pela inflação, que seria de US$ 3.800, registrado em 1980, quando o mundo enfrentava uma combinação de baixo crescimento, inflação descontrolada e tensões geopolíticas.
O cenário atual sugere que o ouro continuará sendo um refúgio seguro, enquanto persistirem incertezas sobre a economia global e os impactos das novas diretrizes comerciais adotadas por Trump.



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