Roberto Campos Neto alerta para alta da dívida e critica politização das contas públicas
- Núcleo de Notícias

- 6 de jul.
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Ex-presidente do BC afirma que, sem superávit, dívida pode subir até 5 pontos ao ano; crítica à “guerra de narrativas” no debate fiscal marca sua despedida do cargo

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a dívida pública brasileira pode crescer entre 3 e 5 pontos percentuais ao ano caso o governo federal não adote uma política de superávit primário. A declaração foi feita em entrevista concedida no dia anterior à sua posse como vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, em 1º de julho.
Campos Neto alertou para a crescente polarização no debate fiscal, que, segundo ele, tem sido contaminado por narrativas ideológicas. “O discurso de ‘nós contra eles’ é ruim para todo mundo. Não é o que vai fazer o País crescer de forma estrutural. Precisamos unir todo mundo, o empresário, o empregado, o governo.”
As declarações também responderam às críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o acusou de deixar como herança uma taxa de juros elevada para Gabriel Galípolo, novo presidente do BC. “É lamentável quando se dá mais importância à construção de uma narrativa do que à busca de soluções estruturais”, rebateu Campos Neto.
Sobre seu sucessor, o ex-presidente do BC afirmou não ter nenhuma crítica: “Eles têm atuado de forma técnica, comunicado com transparência. Está fazendo um trabalho irretocável.” Ele destacou que o problema atual da economia não está na política monetária, mas sim na condução das contas públicas: “O BC é um pouco passageiro desse momento fiscal, onde tem uma incerteza, uma guerra de narrativas.”
Na entrevista, Roberto Campos Neto também observou que há um fortalecimento da direita na América Latina e fez uma crítica implícita aos regimes de esquerda: “As ideologias de esquerda são obcecadas por igualdade, mas não necessariamente pela redução da pobreza.”



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