Trump endurece barreiras comerciais e encerra isenção fiscal para pacotes baratos da China
- Núcleo de Notícias

- 2 de mai.
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Medida afeta Shein, Temu e setor de remessas, com impacto direto sobre o PIB chinês e combate ao fentanil

O presidente Donald Trump oficializou nesta sexta-feira (2) o fim da isenção de impostos para remessas de baixo valor vindas da China e de Hong Kong, em uma medida que visa endurecer o combate às práticas comerciais consideradas desleais pelo governo norte-americano e enfrentar a epidemia de fentanil nos Estados Unidos. A decisão atinge diretamente plataformas como Shein, Temu, AliExpress e milhares de pequenos pacotes importados por consumidores americanos.
A isenção, que permitia a entrada de produtos com valor inferior a US$ 800 sem a cobrança de impostos ou inspeções alfandegárias, foi substituída por uma nova taxa: agora, remessas estarão sujeitas a um imposto de 120% sobre o valor do item ou uma taxa fixa de US$ 100 por pacote — que subirá para US$ 200 a partir de junho.
O regime anterior, amplamente explorado por varejistas chineses para enviar produtos diretamente a consumidores norte-americanos, foi criticado por permitir a entrada irrestrita de bens, inclusive químicos utilizados na produção ilegal de fentanil. Reportagens revelaram que era possível importar precursores para milhões de comprimidos da droga a preços ínfimos, rotulados falsamente como eletrônicos.
A Shein, por exemplo, vinha utilizando a isenção para manter preços extremamente baixos em roupas e acessórios enviados diretamente da China. Em 2023, a empresa chegou a pleitear uma reforma no sistema de tarifas, argumentando a favor de uma concorrência leal e padronizada. A Temu e outras companhias afetadas ainda não se pronunciaram oficialmente.
Segundo estimativas da corretora japonesa Nomura, a China exportou US$ 240 bilhões em bens de consumo beneficiados por isenções aduaneiras em 2023, o que representou 1,3% de seu Produto Interno Bruto. O fim da isenção por parte dos Estados Unidos pode desacelerar o crescimento das exportações chinesas em 1,3 ponto percentual e reduzir em até 0,2 ponto o avanço do PIB, com impacto ainda maior se Europa e Sudeste Asiático seguirem a mesma linha.
Setores como o de vestuário, eletrônicos de consumo, decoração e cosméticos são os mais vulneráveis à nova política tarifária. Além do impacto econômico, Trump argumenta que o endurecimento das barreiras é necessário para interromper o fluxo de fentanil e conter o desequilíbrio comercial com Pequim, que resultou em um déficit bilateral de US$ 279 bilhões apenas em 2023.



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