UE impõe novo pacote de sanções contra Rússia após ligação entre Trump e Putin

Medidas endurecem restrições sobre frota naval e tecnologia, enquanto Trump sinaliza resistência a novas punições

A União Europeia aprovou nesta semana o 17º pacote de sanções contra a Rússia, com medidas voltadas a enfraquecer ainda mais a capacidade bélica e econômica do país. O anúncio foi feito pela chefe de Relações Exteriores do bloco, Kaja Kallas, menos de 24 horas após a ligação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin. As novas sanções incluem restrições a quase 200 navios que fazem parte da chamada “frota sombra” russa, utilizada para contornar embargos anteriores.

Em nota oficial, a UE afirmou que as sanções têm como objetivo limitar o acesso da Rússia a tecnologias de uso militar e diminuir a receita gerada com exportações de energia. Além disso, o novo pacote aborda questões relacionadas a ameaças híbridas e violações de direitos humanos. “Enquanto Putin finge interesse na paz, mais sanções estão em andamento. As ações da Rússia e daqueles que a apoiam terão consequências severas”, declarou Kallas.

A iniciativa europeia contrasta com a postura adotada por Donald Trump, que sinalizou oposição a novas sanções durante pronunciamento na Casa Branca após conversar com Putin por telefone. Segundo o presidente americano, há “uma chance” de avanço em direção a um acordo sobre o conflito na Ucrânia, e mais sanções poderiam atrapalhar esse possível progresso. “Se você aumenta a pressão nesse momento, pode tornar tudo pior”, afirmou Trump. Mesmo assim, não descartou endurecimentos futuros.

Após a ligação, Trump comunicou o conteúdo da conversa aos líderes da Ucrânia, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Finlândia e da Comissão Europeia. Representantes da UE ficaram “atônitos” com a forma como o presidente norte-americano retratou o diálogo, considerando que ele demonstrou não estar disposto a aplicar maior pressão sobre o Kremlin neste momento.

O novo pacote europeu já havia sido aprovado por embaixadores do bloco na semana passada e intensifica os esforços para minar a economia russa. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, pediu ações ainda mais duras por parte do Ocidente: “Estados Unidos e União Europeia devem ir além e impor sanções devastadoras para sufocar de vez a economia russa.”

Nos Estados Unidos, o senador republicano Lindsey Graham também reforçou esse apelo, propondo sanções “esmagadoras”, incluindo tarifas de 500% sobre produtos russos caso Moscou recuse negociações de paz. Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a Rússia segue comprometida com uma solução de longo prazo, mas que não aceitará ser tratada com “linguagem de ultimatos”. Ele ainda minimizou o impacto das novas sanções, alegando que o país já se acostumou à pressão ocidental.