Banco Mundial reduz projeção de crescimento global
- Núcleo de Notícias
- 10 de jun.
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Relatório indica que 2025 terá o crescimento global mais fraco fora de crise desde 2008, e antecipa performance debilitada até 2027

O Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento econômico global para 2025 em 0,4 ponto percentual, passando de 2,7% para 2,3%. A revisão foi divulgada nesta terça-feira (10) no relatório semestral Perspectivas Econômicas Globais, que aponta as tarifas comerciais elevadas e o aumento da incerteza como os principais entraves para o desempenho das economias mundiais.
De acordo com o relatório, o crescimento projetado para este ano será o mais fraco fora de períodos de recessão desde a crise financeira de 2008. Para o período até 2027, a instituição estima uma média anual de crescimento global de apenas 2,5% — o ritmo mais lento de qualquer década desde os anos 1960.
A revisão atinge cerca de 70% das economias analisadas, incluindo potências como Estados Unidos, China e União Europeia, além de todas as seis principais regiões de mercados emergentes. O Banco Mundial associa parte da desaceleração às políticas comerciais restritivas adotadas nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos, cujas tarifas atuais afetam diretamente as cadeias globais de produção e consumo.
A previsão para o comércio global também foi reduzida. Em 2025, a expectativa é de crescimento de apenas 1,8%, bem abaixo dos 3,4% registrados em 2024 e de um terço da média de 5,9% registrada nos anos 2000. A inflação global, por sua vez, deve atingir 2,9% no próximo ano, pressionada por tarifas e mercados de trabalho ainda apertados.
O banco alerta que um novo aumento de 10 pontos percentuais nas tarifas médias dos EUA, somado a retaliações equivalentes de outros países, poderia reduzir em mais 0,5 ponto percentual o crescimento global de 2025. Tal cenário poderia levar a um colapso no comércio internacional no segundo semestre deste ano, além de provocar um surto de incerteza, queda da confiança dos investidores e turbulência nos mercados financeiros.
Apesar do cenário negativo, o Banco Mundial não prevê uma recessão global, apontando que o risco permanece abaixo de 10%. Para Ayhan Kose, economista-chefe adjunto da instituição, “a incerteza age como uma neblina na pista de decolagem, retardando investimentos e enfraquecendo as expectativas”. Ainda assim, ele vê sinais positivos como a adaptação das cadeias produtivas e avanços tecnológicos, especialmente com a inteligência artificial, que podem impulsionar a economia no médio prazo.
Entre os cortes mais significativos nas projeções estão os Estados Unidos, cuja estimativa para 2025 caiu de 2,3% para 1,4%. A zona do euro e o Japão também sofreram revisões negativas, ambos agora projetando crescimento de apenas 0,7%. Nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, a expectativa de expansão recuou de 4,1% para 3,8%. A China, por outro lado, teve sua projeção mantida em 4,5%, com o Banco Mundial afirmando que "Pequim ainda possui instrumentos fiscais e monetários para estimular o crescimento interno", embora o cenário global continue desafiador.
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