Haddad: Pacote fiscal não é “gran finale” das medidas de ajuste fiscal
- Núcleo de Notícias

- 29 de nov. de 2024
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Haddad admite necessidade de convencer Lula e revela incertezas sobre os resultados prometidos

O pacote fiscal anunciado pelo governo Lula na tentativa de ajustar as contas públicas foi descrito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um esforço ainda incompleto, longe de ser o “gran finale” das medidas necessárias. Apesar de discursar em defesa das propostas no evento anual da Febraban, Haddad não escondeu as dificuldades, incluindo a necessidade de convencer o próprio presidente Lula sobre a importância da agenda econômica.
“Em certos momentos, sim, preciso convencer o presidente”, admitiu Haddad, ressaltando que Lula é “sensível a vários temas”. A declaração é sintomática de um governo que ainda não conseguiu definir prioridades claras e enfrenta resistências internas para implementar ajustes fiscais necessários.
Falta de clareza e desafios políticos
Haddad procurou tranquilizar o mercado ao afirmar que o governo está disposto a revisar os cálculos do impacto das medidas, caso surjam questionamentos. No entanto, essa postura evidencia a fragilidade das propostas e a falta de planejamento consistente. O discurso de que “não é tarefa só do Executivo” responsabiliza outros poderes, mas não soluciona a falta de firmeza do governo em apresentar medidas viáveis e exequíveis.
Embora tenha destacado apoio de lideranças do Congresso, como Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, a confiança real desses atores políticos permanece questionável. As manifestações favoráveis foram acompanhadas de um esforço para dissociar o corte de gastos da proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma promessa que tem mais apelo populista do que base técnica sólida.
Meta fiscal ambígua e dúvidas sobre execução
O governo almeja um resultado primário zero em 2024, com uma margem de tolerância que permite tanto déficit quanto superávit de até R$ 28,76 bilhões. Contudo, diante do histórico recente de contradições e falta de coordenação, é difícil acreditar que essa meta será alcançada sem comprometer ainda mais a credibilidade econômica do país.
Haddad insiste em dizer que “todo mundo tem que dar sua cota de contribuição”, mas o governo Lula continua dando sinais confusos, com promessas incompatíveis entre si e um presidente que prioriza interesses políticos em detrimento da responsabilidade fiscal.
O pacote fiscal, longe de ser uma solução, parece mais uma tentativa de remendar problemas que o próprio governo ajudou a agravar com discursos e práticas desalinhados. Enquanto isso, o país segue pagando o preço de uma gestão que caminha na contramão da estabilidade econômica.



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