O roteiro do Foro de São Paulo para a hegemonia na América Latina
- Carlos Dias

- 20 de out
- 3 min de leitura

A estabilidade democrática na América Latina enfrenta um perigo crescente, sistematicamente solapada por estratégias de tomada de poder que subvertem a legitimidade eleitoral. Nesse contexto de fragilização institucional, as graves acusações formais apresentadas à Justiça americana por Hugo Carvajal, ex-chefe da inteligência militar venezuelana, agora detido nos Estados Unidos, revelam um esquema de proporções estarrecedoras. Carvajal, peça-chave nos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, escancarou um roteiro de financiamento ilícito oriundo da Venezuela, direcionado a campanhas de líderes de esquerda por toda a região latino-americana e parte da Europa.
O panorama desvelado por Carvajal é de uma intervenção estrangeira direta na soberania de nações. A lista de beneficiários, detalhada com precisão, é extensa e incriminatória: Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Néstor Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Fernando Lugo no Paraguai, Ollanta Humala no Peru, Manuel Zelaya em Honduras e Gustavo Petro na Colômbia. A influência, contudo, não se deteve nas fronteiras latino-americanas, alcançando partidos europeus como o Podemos, na Espanha, e o Movimento 5 Estrelas, na Itália. Especificamente para este último, Carvajal detalhou a entrega de 3,5 milhões de euros via mala diplomática da delegação consular venezuelana em Roma, um método que expõe de forma inequívoca a ousadia e a clandestinidade da operação.
A gravidade dessas denúncias é irrefutavelmente comprovada por desdobramentos judiciais concretos. Gustavo Petro, o atual presidente da Colômbia, é diretamente acusado de ter recebido recursos venezuelanos para suas campanhas políticas. No Peru, o ex-presidente Ollanta Humala, também apontado por Carvajal, já enfrenta condenações: em abril de 2025, ele e sua esposa, Nadine Heredia, foram condenados a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, com a justiça peruana confirmando o recebimento de US$ 3 milhões em contribuições ilícitas tanto da Odebrecht quanto, e ainda mais aterrador, do governo venezuelano para suas campanhas de 2006 e 2011. Este é um exemplo cristalino da corrupção eleitoral patrocinada externamente. Na Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, acusada por Carvajal de receber US$ 21 milhões do governo venezuelano para sua campanha, já viu sua carreira política desmoronar. Em dezembro de 2022, foi condenada a seis anos de prisão e inabilitação perpétua por corrupção em obras públicas. Esta condenação foi confirmada pela Suprema Corte em junho de 2025, resultando em sua exclusão do registro eleitoral em setembro do mesmo ano e o cumprimento de prisão domiciliar. Embora as acusações de Carvajal e a condenação por corrupção não se refiram ao mesmo caso, ambas convergem para um padrão de conduta financeira ilícita no seio do poder.
Este padrão de financiamento obscuro e intervenção política não é fortuito nem isolado. Ele não pode ser dissociado de plataformas como o Foro de São Paulo. Longe de ser um mero espaço de diálogo para a esquerda, o Foro de São Paulo é, segundo seus críticos mais contundentes e informações críveis, uma central de comando e coordenação estratégica para a articulação de projetos de poder que frequentemente se valem de métodos extralegais. Sua operação conta com a participação notória de indivíduos e movimentos que transitam no limiar ou mesmo dentro de esferas ligadas ao crime organizado, incluindo o narcotráfico. Não se trata de uma organização “controversa”, mas sim de uma estrutura que, sob o verniz ideológico, facilita a subversão das democracias, a desestabilização institucional e a infiltração de interesses escusos no poder público, utilizando o financiamento ilícito como um de seus braços operacionais mais eficazes.
As denúncias de Hugo Carvajal, portanto, não são meras “alegações”, mas sim um conjunto de acusações formais que, somadas aos desdobramentos judiciais já observados, revelam a existência de uma sofisticada e perigosa teia de subversão. A defesa intransigente da democracia latino-americana exige uma vigilância implacável contra esses mecanismos de tomada de poder, uma firmeza na responsabilização dos envolvidos e um desmantelamento das redes que buscam corromper as instituições e a vontade popular para impor o projeto político hegemônico delineado neste roteiro.
A verdade custa pouco. Mas vale muito.
Você chegou até aqui porque busca por informações que façam sentido — e não por narrativas fabricadas por quem serve ao Sistema. No Rumo News, nosso compromisso é com a liberdade, a verdade e a inteligência do leitor.
Produzimos nossos conteúdos de forma 100% independente, sem amarras com partidos, governos ou patrocinadores ideológicos. Nosso único financiador é você — o cidadão consciente que se recusa a ser manipulado pela grande mídia.
Assinar o Rumo News leva menos de 1 minuto, custa pouco e oferece muito:
Análises profundas sobre economia, política e geopolítica
Artigos exclusivos, com dados sólidos e argumentos afiados
Uma plataforma segura e sem anúncios
Enquanto eles espalham narrativas, nós entregamos fatos, contexto e coragem.

Se puder, apoie-nos mensalmente adquirindo um plano de assinatura.
Obrigado!
Carlos Dias.
CEO e Editor-Chefe do Rumo News.



Comentários