Vendas da nova safra de soja no Brasil enfrentam queda de preços e incertezas climáticas
- Núcleo de Notícias

- 7 de out. de 2024
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Comercialização antecipada da safra 2024/25 fica abaixo da média histórica, com produtores cautelosos quanto ao clima e aos preços desfavoráveis
A comercialização antecipada da safra de soja 2024/25 no Brasil alcançou 24,8% de uma produção estimada em 171,78 milhões de toneladas, um desempenho que está abaixo da média histórica para o período, que é de 29,4%. A venda lenta reflete a cautela dos produtores em meio às condições climáticas adversas, como o tempo seco que dificulta o plantio, além da frustração com os preços mais baixos do que aqueles praticados no mercado disponível, apontou um relatório da consultoria Safras & Mercado divulgado nesta segunda-feira.
O avanço nas vendas foi de apenas 2,3 pontos percentuais em relação ao relatório anterior, evidenciando a hesitação dos agricultores. No entanto, o volume vendido está à frente do registrado no mesmo período do ano passado, quando 21,4% da produção já havia sido comercializada.
Produtores de Mato Grosso, maior estado produtor de soja do país, já negociaram 35% da safra projetada, um pouco abaixo da média histórica para a região, que é de 37,8%, mas acima do índice registrado no ano anterior, quando apenas 29% da safra já havia sido vendida. No entanto, o plantio no estado está enfrentando um início lento devido ao clima seco, fator que tem gerado ainda mais hesitação nas vendas.
Segundo Luiz Fernando Roque, analista da Safras & Mercado, os produtores estão adotando uma postura de espera, principalmente devido à falta de uma definição clara sobre o impacto das condições climáticas na safra. “A comercialização da nova safra está muito lenta, com os produtores aguardando uma melhor definição das questões climáticas para terem mais segurança. Além disso, os preços atuais estão muito abaixo dos praticados no mercado disponível, o que desestimula as vendas antecipadas. Por isso, continuamos com um ritmo de vendas bem atrasado”, explicou Roque.
Ele também acrescentou que, para 2025, não há fatores positivos no horizonte, já que os preços continuam pressionados, o que deve manter o ritmo lento das negociações.
Comercialização da safra velha
Enquanto as vendas antecipadas da nova safra estão estagnadas, a comercialização da safra 2023/24, que já foi colhida, registrou uma melhora. Segundo o levantamento, até o dia 4 de outubro, 87,7% da produção de soja do Brasil já havia sido negociada, um avanço considerável em relação ao relatório anterior, de 6 de setembro, que apontava 82,2%.
Embora ainda abaixo da média histórica de 90,1% para o período, o volume negociado está à frente do registrado no ano passado, quando 84,9% da safra velha havia sido comercializada. O analista da Safras & Mercado destacou que, nas últimas duas semanas, os preços da safra disponível avançaram um pouco, o que ajudou a acelerar o ritmo de vendas.
Desafios climáticos e incertezas de mercado
A cautela dos produtores em relação ao clima é um dos principais fatores que tem influenciado o ritmo das vendas antecipadas da nova safra. O tempo seco, especialmente no Mato Grosso, está atrasando o início do plantio, gerando incertezas sobre o desenvolvimento da safra 2024/25. Roque observou que os agricultores estão aguardando uma definição mais clara das condições climáticas antes de tomar decisões de venda.
Além das preocupações com o clima, os preços mais baixos do mercado futuro em comparação aos valores praticados no mercado disponível estão desestimulando as vendas antecipadas. “Os preços para 2025 ainda não mostram sinais de melhora, o que mantém os produtores relutantes em fechar negócios antecipados”, comentou o analista.
Perspectivas futuras
Apesar dos desafios, a forte alta registrada nas vendas da safra velha e o aumento recente nos preços trazem alguma esperança de que o desempenho do setor possa melhorar até o fim do ano. “Com a elevação dos preços médios das exportações, também tivemos uma elevação nas receitas de setembro em patamares significativamente maiores que os registrados em volumes”, destacou Roque.
De janeiro a setembro de 2024, as exportações de soja acumularam alta de 0,6%, com um total de 3,917 milhões de toneladas embarcadas. A receita acumulada no período, no entanto, caiu 4%, totalizando 7,273 bilhões de dólares. Contudo, a forte alta nas vendas em setembro reverteu a tendência de queda, e a Safras & Mercado projeta que o desempenho se mantenha positivo até o final do ano.
O ritmo de comercialização antecipada da safra nova, porém, seguirá dependendo da combinação de fatores climáticos e do comportamento dos preços no mercado internacional.




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