Boletim Focus indica cenário econômico incerto e de recuperação lenta para o Brasil
- Núcleo de Notícias
- 23 de jun.
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Apesar de ajustes pontuais nas projeções, perspectiva econômica segue fraca e sem sinais consistentes de retomada robusta

O Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central trouxe revisões modestas nas estimativas para inflação, PIB, câmbio e juros, mas, ao contrário de sinalizar otimismo, reforça o quadro de estagnação e incerteza que paira sobre a economia brasileira. Com indicadores que se movem lentamente e expectativas que pouco se alteram há meses, analistas mantêm uma visão cautelosa sobre o futuro do país, marcado por baixo crescimento, juros elevados e volatilidade cambial.
A previsão de inflação para 2025 recuou levemente, de 5,25% para 5,24%, uma alteração que beira a insignificância diante de uma taxa de juros que voltou a subir. A projeção para o IPCA em 2026 permanece em 4,50%, sinalizando que o controle inflacionário segue frágil. Para 2027 e 2028, as estimativas ficaram em 4,00% e 3,85%, respectivamente — números que indicam pouca confiança na eficácia da política monetária de longo prazo.
O crescimento do PIB em 2025, por sua vez, foi revisto de 2,20% para 2,21%, um aumento tão irrisório quanto o dinamismo da economia nacional. Desde 2023, as projeções para os anos seguintes mal se mexem: 1,85% em 2026 e 2% em 2027 e 2028 — estes últimos sem qualquer alteração há mais de 60 semanas. Em outras palavras, o mercado não vê o Brasil saindo da mediocridade do crescimento em nenhum horizonte previsível.
A taxa básica de juros, a Selic, foi elevada para 15% ao ano na última reunião do Copom, pressionando ainda mais o crédito e os investimentos. O mercado agora projeta que a Selic encerrará 2025 nesse patamar, subindo a estimativa anterior de 14,75%. Para os próximos anos, a previsão segue elevada: 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028 — índice que não muda há meio ano, o que revela uma expectativa cristalizada de que os juros altos vieram para ficar.
No câmbio, a previsão para o dólar em 2025 caiu ligeiramente de R$ 5,77 para R$ 5,72, mas continua em patamares preocupantes para um país com elevada dependência de importações e vulnerável a choques externos. Para 2026 e 2028, a projeção se manteve em R$ 5,80, reforçando a perspectiva de desvalorização prolongada do real.
As projeções para o IGP-M, indicador importante para contratos de aluguel e insumos, também recuaram: de 4,16% para 3,86% em 2025 e de 4,55% para 4,50% em 2026. Contudo, essa tendência ainda não representa estabilidade, já que o índice é altamente sensível às variações cambiais e ao preço das commodities.
Em resumo, o boletim Focus reforça a sensação de que o Brasil segue sem fôlego para uma recuperação sólida. A estagnação econômica combinada com juros elevados e um câmbio persistentemente fraco desenham um horizonte pouco promissor. A fragilidade fiscal, as incertezas políticas e o ambiente externo instável apenas adicionam mais camadas de pessimismo ao já combalido cenário econômico nacional.
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