Boletim Focus: mercado projeta inflação persistente e juros altos no longo prazo
- Núcleo de Notícias

- 2 de jun.
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Previsões revelam estagnação econômica e câmbio desvalorizado nos próximos anos, com Selic em patamar sufocante até 2028

O mais recente Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, confirma: o Brasil segue preso a um ciclo de estagnação econômica, com inflação elevada, juros altos e câmbio desvalorizado que tendem a se arrastar pelos próximos anos. As projeções mantêm um cenário de baixo crescimento e pressão sobre o custo de vida, dificultando qualquer perspectiva otimista para a economia brasileira no médio e longo prazo.
A projeção para a inflação de 2025 se manteve em 4,50%, um patamar acima do centro da meta. Para 2027, a estimativa segue em 4,00%, e para 2028 houve um novo aumento, de 3,81% para 3,85%. A estabilidade das projeções, em vez de indicar confiança, expõe a resignação do mercado com uma inflação cronicamente alta.
No que se refere aos preços administrados — que incluem energia, combustíveis e tarifas públicas — a situação é ainda mais preocupante. A estimativa para 2025 é de 4,57%, permanecendo elevada nos anos seguintes: 4,29% em 2026, 4,00% em 2027 e 3,80% em 2028. Esses índices indicam forte impacto sobre o consumo das famílias, sobretudo as de renda mais baixa.
Mesmo com uma ligeira queda na projeção do IGP-M para 2025 (de 4,79% para 4,24%), os números seguem acima do desejável para um país que almeja estabilidade macroeconômica. Para 2026, a expectativa é de 4,60%, e para 2027 e 2028, 4%, reforçando um cenário de inflação estrutural.
O câmbio também não traz alento. As previsões para os próximos anos seguem com o real em constante desvalorização: R$ 5,90 em 2026, R$ 5,80 em 2027 e a mesma cifra para 2028. Isso reflete a baixa confiança dos investidores no ambiente político e fiscal do país, além da fuga constante de capitais.
No crescimento econômico, o Brasil continua a engatinhar. A expectativa de alta do PIB em 2026 foi revisada para apenas 1,80%, um desempenho pífio diante das necessidades de geração de empregos e investimentos. Para 2027 e 2028, a projeção estagnou em 2%, sem qualquer sinal de retomada vigorosa. São 64 semanas consecutivas com essa previsão imutável, revelando a desesperança com mudanças estruturais que impulsionem o desenvolvimento.
Por fim, a taxa básica de juros (Selic) deverá seguir em patamares sufocantes para o setor produtivo: 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028, este último congelado há 23 semanas. A manutenção de juros tão altos por tanto tempo inibe o crédito, encarece os investimentos e desestimula o consumo, agravando o quadro de baixo crescimento.
O relatório reforça um retrato sombrio da economia nacional: inflação persistentemente elevada, crescimento medíocre, câmbio instável e juros proibitivos. A política econômica atual não inspira confiança nem apresenta um plano crível de reversão. O Brasil segue paralisado, sem horizonte claro de recuperação sustentável.



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