Fratura estratégica entre militares e governo do PT
- Carlos Dias
- 30 de jul.
- 3 min de leitura

A dissonância estratégica que se manifesta no cerne da política externa brasileira e sua repercussão sobre o estamento militar constitui um vetor de preocupação premente para a segurança e a projeção geopolítica do Estado. Observa-se uma clivagem significativa entre a agenda diplomática, por vezes infundida de subjetividades ideológicas, e a pragmática imperatividade da doutrina de defesa militar, cujas consequências podem ser nefastas para a estabilidade e a soberania nacional.
Enquanto o discurso oficial do Poder Executivo e do Itamaraty se inclina a uma aproximação com vetores geopolíticos como a China, a Rússia e o Irã – nações cujas agendas estratégicas frequentemente colidem com os interesses de segurança ocidentais e, por extensão, com a arquitetura de defesa historicamente adotada pelo Brasil –, o Exército Brasileiro, em sua essência profissional e técnica, mantém um alinhamento inabalável com a doutrina ocidental, e em particular, com os Estados Unidos. A Operação CORE 2025, um exercício de envergadura sem precedentes, não se configura como mera atividade protocolar, é a materialização de um compromisso estratégico profundo, uma demonstração inequívoca de interoperabilidade e confiança mútua que transcende as flutuações políticas conjunturais. A persistência do Pentágono em fortalecer os canais diretos com os militares brasileiros, em uma clara "diplomacia de bypass" que ignora interferências políticas, não se traduz em desrespeito à soberania, mas em uma manobra calculada de inteligência estratégica para mitigar os riscos de uma guinada ideológica que poderia desestabilizar o equilíbrio de poder no Hemisfério Sul. Tal abordagem é um reconhecimento tácito da solidez institucional das Forças Armadas brasileiras como um pilar de estabilidade regional, em contraste com a volatilidade e a inconsistência da política externa governamental.
As fragilidades intrínsecas à política externa em voga são estarrecedoras. A inconsistência entre o discurso ideológico e a realidade estratégica de segurança nacional representa uma falha primária. Ao criticar a presença norte-americana na América do Sul em fóruns multilaterais, enquanto as próprias Forças Armadas se engajam em exercícios conjuntos de alta complexidade, o governo projeta uma imagem de ambiguidade e falta de coesão que pode ser explorada por atores externos. A subjetividade ideológica, que rotula a cooperação militar com os Estados Unidos como "submissão ao imperialismo", desconsidera os axiomas doutrinários e a necessidade premente de interoperabilidade e atualização tecnológica que são vitais para a defesa nacional. Mais grave ainda, a aproximação com potências como a China, em um contexto de crescentes denúncias de espionagem e assimetrias informacionais, expõe o país a vulnerabilidades estratégicas que podem comprometer a segurança de infraestruturas críticas e a integridade de dados sensíveis.
O impacto dessa pressão governamental, que se move em sentido oposto à bússola estratégica das Forças Armadas, é amplo e potencialmente corrosivo. Cria-se uma tensão interna que pode minar a coesão e o profissionalismo militar. A dicotomia entre a visão política e a doutrina de defesa gera incerteza e pode desviar recursos e esforços de prioridades estratégicas fundamentais. Em um cenário geopolítico onde a Venezuela, apoiada pela Rússia, realiza movimentações militares na fronteira, a manutenção de alianças densas e interoperáveis não é uma opção ideológica, mas uma necessidade premente de segurança nacional. A tentativa de setores do Parlamento de institucionalizar a supervisão parlamentar sobre cooperações militares atípicas é um sintoma dessa desconfiança e uma busca por maior autonomia institucional das Forças Armadas frente a uma política externa que parece desconsiderar os riscos reais em favor de alinhamentos ideológicos.
Em síntese, o que se observa é um Exército Brasileiro que, em sua essência profissional e estratégica, atua como um contrapeso crítico a uma política externa que, por vezes, parece desconectada da realidade geopolítica e dos interesses de segurança de longo prazo do Estado brasileiro. O elo entre os militares brasileiros e norte-americanos, forjado em décadas de cooperação e alinhamento doutrinário, emerge como um escudo fundamental contra a instabilidade e a influência de regimes autoritários que buscam expandir sua esfera de influência na América do Sul. A manutenção dessa conexão, apesar das pressões políticas, é um testemunho da resiliência institucional e da visão estratégica de uma Força Armada que compreende os verdadeiros imperativos da defesa nacional.
A verdade custa pouco. Mas vale muito.
Você chegou até aqui porque busca por informações que façam sentido — e não por narrativas fabricadas por quem serve ao Sistema. No Rumo News, nosso compromisso é com a liberdade, a verdade e a inteligência do leitor.
Produzimos nossos conteúdos de forma 100% independente, sem amarras com partidos, governos ou patrocinadores ideológicos. Nosso único financiador é você — o cidadão consciente que se recusa a ser manipulado pela grande mídia.
Assinar o Rumo News leva menos de 1 minuto, custa pouco e oferece muito:
Análises profundas sobre economia, política e geopolítica
Artigos exclusivos, com dados sólidos e argumentos afiados
Uma plataforma segura e sem anúncios
Enquanto eles espalham narrativas, nós entregamos fatos, contexto e coragem.

Se puder, apoie-nos mensalmente adquirindo um plano de assinatura.
Obrigado!
Carlos Dias.
CEO e Editor-Chefe do Rumo News.
Comments