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O peso do Estado: lições de Toynbee e Sorokin para o Brasil contemporâneo

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A história nos oferece um vasto panorama de civilizações que ascenderam e declinaram, revelando padrões recorrentes que merecem atenta observação. Pensadores como Arnold J. Toynbee e Pitirim Sorokin dedicaram suas obras a decifrar esses ciclos, apontando, de forma notável, o perigo de um Estado cujo peso se torna excessivo para a sociedade que o sustenta. Suas análises, tão relevantes em décadas passadas, ressoam com particular força em nosso tempo, servindo como um valioso instrumento de compreensão das dinâmicas sociais e políticas.


Toynbee, em sua monumental obra “A Study of History”, delineia como as civilizações enfrentam desafios que demandam respostas criativas e eficazes para sua continuidade e progresso. Quando essas respostas falham, seja por guerras de conquista que exaurem os cofres públicos e a vitalidade humana, por atos de corrupção que desviam o propósito das instituições e corroem a moral pública, ou por catástrofes naturais que revelam a fragilidade das estruturas sociais, inicia-se um processo de desintegração. Ele evidencia que, em muitos cenários, o próprio Estado, ao se tornar um fardo insuportável de burocracia excessiva e custos crescentes, consome recursos que, de outra forma, poderiam impulsionar o desenvolvimento e o bem-estar da comunidade. O Império Romano serve como um exemplo clássico e notório dessa dinâmica: sua expansão desmedida levou a fronteiras indefensáveis, exigindo um aparato militar e administrativo monumental. Essa sobrecarga econômica foi agravada pela diminuição de conquistas territoriais, que antes forneciam escravos e tributos essenciais, resultando em uma crise profunda. A consequente escassez de mão de obra e a necessidade de financiar uma estrutura ineficiente provocaram declínio produtivo, elevação de preços e redução da arrecadação de impostos, criando um ciclo vicioso de estagnação e declínio que tolheu a inovação e a liberdade econômica dos indivíduos. Além disso, Toynbee analisa sociedades como a dos esquimós (inuit), cujas condições ambientais extremas exigem que toda a energia seja direcionada à sobrevivência imediata. Nesse contexto, o acúmulo de excedentes e o consequente progresso social e tecnológico tornam-se virtualmente impossíveis, demonstrando como a incapacidade de um Estado em equilibrar suas demandas com as capacidades produtivas e inovadoras de sua sociedade pode precipitar seu colapso ou manter-lhe em uma permanente estagnação, restringindo o potencial humano.


Sorokin, por sua vez, em sua obra “Sociology of Revolution”, apresenta uma teoria cíclica das mudanças civilizacionais, enfatizando os processos de integração e desintegração social que são muitas vezes precursores de rupturas violentas. Ele observa que um Estado excessivamente centralizador, burocrático e controlador, ao impor um poder desmedido sobre as liberdades individuais e econômicas, fragiliza a coesão social. Tal modelo gera atrito, limita a autonomia da sociedade civil, desincentiva a iniciativa privada e, por consequência, provoca conflitos internos e, em última instância, o colapso da ordem estabelecida. Para Sorokin, a corrupção político-administrativa e a gestão ineficiente dos recursos públicos são fatores aceleradores dessa desagregação, pois desviam o capital da produção e do benefício social para privilégios e enriquecimento ilícito, erodindo a confiança nas instituições e a crença na justiça. Ele argumenta que sociedades que não conseguem manter um equilíbrio saudável entre as necessidades individuais e coletivas – um balanço que a Escola Austríaca valoriza intensamente na liberdade de mercado e na descentralização – tendem a entrar em ciclos de revolução e instabilidade, especialmente quando o Estado se torna o principal agente de distorção e favorecimento. A brutalização do exército romano, com a incorporação massiva de mercenários que não possuíam a mesma lealdade ou identidade com o império, é um exemplo eloquente de como a perda da identidade, do propósito comum e da coesão interna pode levar à desintegração de uma estrutura estatal, tornando-a ineficaz na defesa dos valores e do território. Sorokin também destaca que a estratificação social extrema e as disparidades ampliadas, muitas vezes resultantes de intervenções estatais que criam e mantêm privilégios, criam um ambiente propício para revoltas e movimentos sociais, pois a população, sentindo-se marginalizada e espoliada, busca alternativas ao status quo. Assim, a incapacidade de um Estado em promover a verdadeira justiça e oportunidade equânime, sem favorecimentos ou patrimonialismo, pode ser um prenúncio de sua queda.


A relevância dessas reflexões para o Brasil atual é incontestável. Nosso país enfrenta desafios altamente relevantes relacionados à gestão estatal, à corrupção sistêmica e às marcadas assimetrias sociais. A história, pelos olhos de Toynbee e Sorokin, oferece um alerta: a sobrecarga imposta por um Estado que gasta de forma excessiva, administra mal os recursos ou adota políticas que não atendem às verdadeiras necessidades da população e reprimem a iniciativa individual tende a levar a um caminho perigoso. É fundamental que o Brasil assimile essas lições históricas para evitar os erros que conduziram outras civilizações ao declínio. A busca por um equilíbrio saudável entre o poder estatal e a capacidade da sociedade de prosperar, com ênfase na descentralização de poder e na eficiência econômica, é algo de caráter essencial para promover o desenvolvimento e o bem-estar duradouro de nossa gente, garantindo um futuro mais seguro e livre.


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