Tarifa dos EUA, o custo da geopolítica de Lula
- Carlos Dias
- 10 de jul.
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A iminente imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, conforme comunicado pelo presidente Donald Trump com validade a partir de 1º de agosto de 2025, configura uma penalidade econômica de densa magnitude e um reflexo direto de uma política externa que desconsiderou princípios fundamentais. A medida, formalizada em carta ao presidente brasileiro, fundamenta-se explicitamente na percepção de perseguição política a um ex-chefe de Estado e na avaliação de práticas comerciais tidas como desleais. Diante deste panorama, torna-se inequívoco que a responsabilidade por esta grave repercussão recai sobre a atual gestão, que, desde o início de seu mandato, comprometeu as relações com um dos mais importantes parceiros comerciais e estratégicos do Brasil.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reiteradamente adotado posturas que deterioram a imagem internacional do Brasil, notadamente perante a principal potência econômica global. Declarações como a que comparou Donald Trump a Hitler não apenas carecem de base factual, mas corroem o tecido da diplomacia. Acrescente-se a isso, decisões como as ordens sigilosas de censura emanadas do Supremo Tribunal Federal, culminando na ameaça de desativação de uma plataforma de livre expressão, violam os fundamentos da liberdade individual e da governança transparente, gerando desconfiança externa. A prolongada vacância da embaixada brasileira em Washington expressa um desleixo diplomático que enfraquece a representação dos interesses nacionais. Mais grave ainda, a permissão para que navios de guerra iranianos atracassem em território brasileiro, concomitantemente à presença do vice-presidente em uma posse presidencial em Teerã – evento notório pela participação de elementos ligados a grupos terroristas –, sinaliza uma inversão de prioridades geopolíticas que desafia a segurança hemisférica. Soma-se a isso a defesa de figuras condenadas por corrupção e a intervenção para resgatar foragidos da justiça, posturas que fragilizam o combate ao patrimonialismo e a credibilidade jurídica. A qualificação de Israel como "Estado genocida" em meio a um conflito com uma organização terrorista, e a explícita campanha pela desdolarização do comércio global, são ações que antagonizam os interesses estratégicos e a ordem financeira de nações aliadas, alinhando o Brasil a uma agenda que contraria a ampla descentralização de poder e a liberdade de mercado.
É inegável que a presente crise diplomática e suas consequências econômicas são automutilações. A opção por alianças com regimes autoritários e o desprezo pelos parceiros tradicionais do Brasil expõem as exportações nacionais e a segurança econômica a riscos substanciais. Contudo, setores que historicamente advogam por uma maior intervenção estatal e que frequentemente demonstram inconsistência discursiva, agora tentam desviar o foco, imputando a responsabilidade a figuras da oposição conservadora. Esta manobra retórica, que beira o cinismo, ignora que a retaliação é resultado direto das escolhas geopolíticas equivocadas do Palácio do Planalto.
As consequências econômicas desta tarifa serão extremamente severas. A interrupção do fluxo de exportações para os Estados Unidos, mercado estratégico, precipitará uma retração significativa na atividade econômica. Setores como o agronegócio e a indústria, essenciais para a geração de valor, enfrentarão um colapso em suas cadeias produtivas. A desvalorização cambial, um cenário provável, elevará o custo das importações, exercendo pressão inflacionária. Ações corretivas por parte do Banco Central, como a elevação da taxa de juros para mitigar os efeitos da inflação, podem aprofundar um ciclo recessivo, impactando diretamente a produção e o consumo. Empresas enfrentarão dificuldades, resultando na perda de postos de trabalho e na diminuição da arrecadação tributária, com grave ampliação do comprometimento da já debilitada saúde fiscal do Estado. A intervenção estatal exacerbada na economia, demonstrada pela política externa ideológica, colhe frutos amargos para a liberdade econômica e o bem-estar da população.
No plano geopolítico, a medida norte-americana acentua o isolamento do Brasil em um momento de fluidez global. A busca por compensar a perda do mercado americano com o aprofundamento de laços com outras potências, notadamente a China, introduz novos riscos de dependência, especialmente de regimes cujo modelo de governança diverge fundamentalmente dos princípios de liberdade e autonomia que prezamos. O caminho pela via diplomática da Organização Mundial do Comércio é notoriamente moroso e de desfecho incerto, e o dano à credibilidade internacional já estará consolidado.
Observa-se, portanto, uma lamentável inversão do discurso público. Aqueles que antes celebravam a presença de embarcações de potências adversárias em nosso litoral agora invocam a defesa da soberania nacional. Os que acusavam nações ocidentais de imperialismo agora clamam por uma resposta contundente de um governo que, por convicção ideológica, fragilizou as relações internacionais do país. Esta paradoxal situação necessita ser elucidada.
A tarifa imposta pelos Estados Unidos é a consequência implacável de uma política externa pautada por ideologias, desprovida de pragmatismo e hostil aos parceiros históricos. A crise, em sua essência, foi provocada pela própria gestão. Tentar atribuir culpa à oposição é não apenas um ato de má-fé política, mas uma subestimação da capacidade de discernimento do cidadão brasileiro.
Aqueles que promoveram o desmantelamento das relações com nações estratégicas carecem de autoridade moral para se apresentarem como defensores da soberania nacional. Ao contrário: são os principais artífices da humilhação diplomática que o Brasil agora enfrenta.
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